terça-feira, 30 de dezembro de 2008

STEREONATOS






Uma grande etapa da banda "Stereonatos" foi vencida, a gravação do primeiro demo ensaio, dia 27/12/08, no Labirinto Studio.


A banda é formada por Adalbs Afonsus(voz e violão), Caique (bateria), Cris (guitarra), Fá (baixo) e Júlio (guitarra e backing vocal). As amostras são "Tesão"(Adalberto Afonso e Henrique Lee) e "Só Me Deixe Sangrar Em Paz"(Adalberto Afonso), filmadas pela Patrícia Carvalhais.


Como diria o Cristiano, temos muito o que malhar ainda, mas o resultado está muito bom, para o tempo de ensaio.


Estou muito feliz, acho que esta banda está sendo um encontro muito positivo e tem muitos frutos para dar.


Em 2009 muito sucesso para a banda e para seus futuros fãs.




domingo, 28 de dezembro de 2008

Nos Labirintos do Desejo


As maneiras de se relacionar sexual e afetivamente tem se transformado tão rapidamente nos últimos tempos que se nos apresenta como algo que atordoa, instiga, tortura e atropela. Sobre elas não temos mais nenhum senhorio. Sem dúvida isso nos amedronta como se estivéssemos diante de um animal estranho e não domesticado. O que fazer da vida? Escolher um relacionamento estável ou nos entregarmos a uma torrente de paixões fugazes? Afinal, quando temos uma queremos a outra... É preciso realmente fazer uma escolha? Deixemos a pergunta em suspenso para nos esquivarmos das respostas rasteiras e levianas.

Este parece ser o tema abordado no novo filme de Woody Allen “Vicky, Cristina, Barcelona” que conta a estória de duas jovens americanas que vão passar as férias de verão em Barcelona. A séria e sensível Vicky – prestes a se casar com o genro que papai pediu a Deus – e Cristina, que adora se enveredar pelos labirintos do desejo. Na Espanha se envolvem com um pintor sedutor e cheio de malícia, Juan Antônio interpretado com muita competência por Javier Bardem. O que parecia certeza se evanesce como poeira... “Como não se reconhecer nesses personagens?” Era o que me perguntava enquanto assistia o filme.

Um filme sóbrio e austero com uma pitada de Almodóvar. Saindo do cômico habitual, Allen parece discutir sem sensacionalismos ou falsos moralismos temas que inquietam e dilaceram homens e mulheres no mundo contemporâneo. Consegue falar profundamente de desejo e afeto sem o recurso a cenas impactantes. As caricaturas já meio surradas de neuróticos e neuróticas que povoavam seus filmes cederam lugar a personagens muito mais reais e convincentes. Vale a pena conferir!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

The Story of Stuff



Bom, após um longo inverno estou aqui com mais um post. Recebi uma mensagem do meu amigo Alvair com esse vídeo e a seguinte ressalva: é longo, dura 20 minutos, mas é uma das coisas mais sensatas que já assisti nos últimos tempos.

Esse post tem relação com uma conversa que tive com meus companheiros de banda a respeito das eleições belohorizontinas e a falta de opção e esperança que tínhamos em vista dos candidatos disponíveis. Em certo momento, disse que pra além das eleições a grande mudança tinha que surgir na cabeça de cada um. Ela envolve uma mudança de lógica e valores. O vídeo se aproxima muito do que eu penso.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TELEVISÃO É COISA SÉRIA

O link para o documentário "Muito Além Do Cidadão Kane" do post "A morte dos imortais: Jorge Amado x Roberto Marinho" expirou, então encontrei os novos vídeos no You Tube, que agora são quatro, mais longos, aparentemente mais completos do que os anteriores. Vi e fiquei perplexo.
Acho que associações livres são muito interessantes, como no post "Associações Livres: A Televisão no Brasil, Música, Futebol e Política" , mas cheguei à conclusão de que o buraco é bem mais embaixo, tem gente que leva o assunto televisão muito mais a sério.
Seguem os links dos novos vídeos:



quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Já tomou seu gole de poesia hoje?

EMBRIAGUEM-SE


É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o

fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se

embriaguem sem descanso.


Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na

solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você

acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a

tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas

são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de

embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Religioso a seu modo, pagão e satanista, Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867) é considerado o pai do simbolismo francês, movimento cuja origem os críticos localizam exatamente no livro As Flores do Mal, de 1857. Na França, a obra de Baudelaire reverbera na poesia de outros poetas "malditos", como Arthur Rimbaud, Paul Verlaine e Stéphane Mallarmé.


Celebrado como o primeiro poeta moderno e um dos escritores de mais forte influência nas gerações posteriores mundo afora, Baudelaire contrabandeou para a poesia de sua época, marcada pelo idealismo romântico, o mal-estar das cidades e o choque do feio, dos temas sujos e doentios.


Caros amigos de blog não nenhum conhecedor de poesia, estou entrando neste vasto mundo há pouco tempo. Mas, estou na busca! Vocês acabaram de ler um belo poema...

Ele e mais muitos outros estão no sitio: http://www.algumapoesia.com.br/poesia/poesianet003.htm


No último dia 15, me embriaguei de vinho e poesia, foi muito bom!

Sensação de liberdade de mente e coração: ouvir uma belo poema e degustar um bom vinho, junto de amigos.

Recomendo a todos, com frequencia e com a devida tranquilidade: Embriaguem-se.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ROSA DE HIROSHIMA




Hoje, 6 de Agosto de 2008, é o aniversário de 63 anos do lançamento da Bomba Atômica sobre a cidade de Hiroshima no Japão, três dias depois, outra bomba foi lançada em Nagasaki.
Sou de uma geração, que, criada sob o regime militar, ouviu somente a história contada pelos vencedores. Via filmes sobre a Segunda Guerra Mundial e considerava os alemães e japoneses um grupo de malucos que tentavam dominar o mundo, a verdadeira encarnação do Mal, que, com muito esforço, competência e heroísmo, foram derrotados pelos defensores do bem, em geral americanos. Não via os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki como atrocidades tão grandes e achava que foram até necessários para acabar com aquela Guerra insana.
Hoje, revendo os fatos, fico extremamente chocado e não consigo conceber uma razão lógica para o imenso absurdo que foi o lançamento destas bombas. Mesmo assim acho que o choque ainda é pequeno, em relação ao impacto do acontecimento. Em nossa sociedade ocidental, vejo uma nota aqui, outra ali, talvez alguns grupos, mais conscientes, debatendo o assunto, mas acho que deveríamos todos parar, fazer um minuto de silêncio e meditar sobre o fato.
Mais chocado ainda fiquei, quando li o artigo da Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bombardeamentos_de_Hiroshima_e_Nagasaki) e descobri alguns detalhes ainda mais impressionantes, como por exemplo o fato de que membros do alto comando do exército dos Estados Unidos consideravam as bombas completamente desnecessárias, que o Japão não se rendeu por causa das bombas, como foi amplamente divulgado para justificar os ataques e que, mesmo defensores da bomba, a consideraram um ato de terrorismo, mas defenderam que o terrorismo era justificável em algumas situações.
Esta é uma imensa mancha em nossa história e deveríamos tentar compreender melhor o que ocorreu.


A morte dos imortais: Jorge Amado X Roberto Marinho








                                                                                                         


O dia 6 de agosto une na morte dois ícones da história brasileira, unidos também na imortalidade da academia brasileira de letras.


Irônia? Histórias tão diferentes unidas institucionalmente e nas adptações da globo para as obras de Jorge.


A vida de Jorge Amado é repleta de genialidade e atuação marcados pelo estilo de vida livre de artista moderno e baiano. Foi jornalista, poeta, escritor, ator, político, empresário e ídolo de várias gerações. Transitou entre alguns dos mais célebres e geniais do seu tempo: Sartre, Simone de Beauvoir, Picasso, Gabriel Garcia Marquez, Pablo Neruda, etc. (e bota etc. nisso!!!)


Foi comunista, foi revolucionário, foi escritor reconhecido no mundo inteiro.


Teve na capacidade de ilustrar a brasilidade de forma crítica, lúdica e sincera sua maior virtude.


Recomendo o livro "Tenda dos milagres" como a síntese do que disse e o link http://www.releituras.com/jorgeamado_bio.asp para uma biografia completa.


Vai aqui a cena de introdução do filme "Tiêta do agreste " encenada pelo próprio Jorge que faz aqui o papel do narrador:





Já Roberto Marinho é famoso por outra característica: o poder.


Dono de um dos maiores impérios de comunicação do mundo. O jornalista foi o coadjuvante principal, por mais paradoxal que possa soar, da história brasileira dos últimos quarenta anos.


Herdou do pai o jornal "O globo" e emaranhado na virada política do golpe de 64 conseguiu fama, fortuna e a construção de uma das maiores empresas do mundo. A partir daí, a história do Brasil passou a andar de mãos dadas com a da sua "Rede Globo".


Roberto Marinho foi eleito para cadeira da Academia Brasileira de Letras sem ter escrito nenhum livro. As críticas aos seus atos e investidas são inúmeras, mas não me dedicarei a esse trabalho homérico aqui. Recomendo o documentário "Muito além do cidadão Cane" onde isso foi feito de uma maneira impressionantemente imparcial e competente. Vai aqui o link para a primeira das doze partes postadas no youtube. Vale a pena ganhar algum tempo assistindo. No final de cada parte aparece o link para a próxima.



sem mais


aquele abraço



terça-feira, 5 de agosto de 2008

One, two, three, four...

O Ramones é uma banda com a qual tenho uma história curiosa. O primeiro contato que tive foi através de um disco chamado "Locolive", o mesmo é composto por mais de 30 músicas de no máximo 3 minutos, todas elas tocadas em um ritmo alucinante e precedidas pelo clássico one, two, three, four... Posso dizer que não entendi. Para mim todas as músicas eram iguais. Recebi uma bronca do meu colega pré-adolescente que havia me emprestado o disco. Passado algum tempo, quando tive noção do significado que esses caras tiveram na história do rock'n roll somado ao aumento de hormônios fui capaz de entender o som dos caras. No momento em que o rock se afastava da simplicidade e das pessoas que o tornaram realidade. Estes quatro mau-elementos do subúrbio de NY, sem saber tocar, sem saber muito menos o que queriam, além de diversão e ser como seus ídolos, surgiram com algo que aprendi a amar. Como todo produto que vem daqueles que estam marginalizados denunciou o que na época era empurrado para debaixo do tapete. Após o amor livre e o sexo, drogas e rock'n roll dos anos 60 sobrou a ressaca junk que mostrava o poder auto-destrutivo do ser humano. Transformando o junk em punk os Ramones representaram isso escancaradamente durante um longo tempo. Através de um som extremamente urbano cantaram a juventude que queria estar sedada. Conscientemente? Não sei. Acredito somente que eles são a expressão de uma máxima que trago comigo hoje: o rock'n roll e a música pop, de modo geral, quando inseridas na lógica do mercado consumidor, não são capazes de mudar o mundo, mas conseguem se configurar em fotografias fantásticas das mudanças culturais do ambiente que os cercam. Talvez isso sirva também pra arte de modo geral. Vão aqui três vídeos, um da última música do último show dos caras em 6 de agosto de 1996 em Los Angeles, Ed Wedder do Pearl Jam acompanha Joey nos vocais, os outros dois são clips de duas músicas que eu adoro: "I wanna be sedated" e "I don't wanna grow up".


Mamãe ama é o meu revólver! O dos Beatles!




O dia 5 agosto marca o lançamento do célebre disco Revolver dos Beatles em 1966. O trabalho consolida o início da revolução interna que os, até então, garotos de Liverpool promoveram em sua obra. Após o também fantástico Rouber Soul, Revolver traz, pela primeira e única vez, três canções de George em um mesmo disco dos Beatles. Inaugura de forma concreta a influência das drogas, da psicodelia e da orientalidade no rock'n roll da banda mais famosa e influente de todos o tempos. Welcome to the 60's!
O disco traz:

Taxman (Harrison), vocais de George, música composta por ele em protesto aos impostos no Reino Unido;

Eleonor Rigby (Lennon/McCartney), balada fúnebre cantada por Paul acompanhado por um conjunto de cordas;

I'm only sleeping (Lennon/McCartney), vocal e violão de John com o famoso solo composto por George e depois tocado ao contrário;

Love you too (Harrison), gravada somente com George nos vocais e tocando instrumentos indianos;

Here, there and everywhere (Lennon/McCartney), uma das mais belas e famosas baladas de todos os tempos cantada por Paul com os vocais de Jonh ao fundo;

Yellow submarine (Lennon/McCartney), tema infantil cantado por Ringo e que mais tarde deu origem a um desenho animado estrelado pela banda;

She said she said (Lennon/McCartney), cantada por John, dizem as más línguas que foi um baseado, digo, baseada em sua segunda experiência com LSD;

Good day sunshine (Lennon/McCartney), é cantada por Paul e traz o quinto elemento George Martin ao piano de forma mais essencial que marcante, como uma participação deve ser, afinal o disco é dos Beatles;

And your bird can sing (Lennon/McCartney), vocal principal de John, a música traz um belo solo duplo de guitarra;

For no one (Lennon/McCartney), essa é uma das músicas que me faz arrepiar sempre que ouço, traz Paul nos vocais e a ilustre participação de Alan Civil tocando trompa, Alan foi músico integrante da Royal Philharmonic Orchestra e o primeiro músico estrangeiro a ser convidado para participar da Orquestra filamôrnica de Berlim. Pra quem gosta daquela história de que o Paul morreu e foi substituído por um sósia, o título original da canção era "What Did I Die?";

Doctor Robert (Lennon/McCartney), vocal principal de John a música fala de um tal médico que receitava "remédios" para te fazer ficar legal, se é que você me entende: "He helps you to understand. He does everything he can. If your down he'll pick you up. Take a drink from his special cup".

I want to tell you (Harrison), maravilhosamente cantada por George, a música demonstra o que acontece se você juntar durante algum tempo o blues e um músico inglês que visitou o Oriente.

Got to get you into my life (Lennon/McCartney), música cantada por Paul, traz novamente o quinto elemento George Martin, agora tocando órgão, e uma galera da pesada no naipe de metais, só músicos de jazz tarimbadíssimos: Eddy Thornton (trompete), Ian Hamer (trompete), Les Conlon (trompete), Alan Branscombe (sax tenor), Pete Coe (sax tenor).

Tomorrow never knows (Lennon/McCartney), psicodelia em seu frescor dos anos 60 na veia, Jonh nos vocais e pandeiro, Paul no baixo marcante e essencial, George novamente na cítara e na guitarra, Ringo em uma das melhores baterias de sua carreira, todos acompanhados do quinto elemento ao piano. Outro dia em uma festa ouvi uma pessoa dizer que existe uma vida antes e outra depois dessa música. Será que foi isso que o Skank pensou em "Supernova"?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"PERGUNTARAM-ME SE ACREDITO EM DEUS"




Um amigo chegou para mim e disse "li seu texto no Blog, você acredita em Deus não é mesmo?", confesso que a pergunta me pegou de surpresa, descobri que, apesar de ter um pensamento bem elaborado sobre o assunto, não tinha uma resposta na ponta da língua, mesmo porque minha resposta está longe de ser um sim ou um não, está mais próxima de um não sei, que se encaixa no lema do Blog "Aonde vale mais o viajar que o destino" (inspirado na letra de "Esta Tarde" dos Paralamas do Sucesso), respondi um sim meio gaguejante e completei, ainda gaguejante, "de uma outra forma, mas não acho que seja o mais importante", ele emendou, num tom de brincadeira com um fundo de seriedade, " precisamos te salvar", retruquei "você não acredita?" e ele me respondeu um "não" bem firme.
Resolvi escrever este Post, para clarear minhas idéias e compartilhar, com quem interessar, minha visão sobre o assunto. Lembrei-me do livro de Rubem Alves "Perguntaram-me Se Acredito Em Deus" e resolvi tomar o título emprestado, mas, ao pesquisar um pouco mais, percebi que precisava primeiro falar um pouco mais de Rubem Alves, cujas idéias se aproximam bastante do que penso.
Para começar, é necessário esclarecer um pouco da trajetória de Rubem Alves, cujo status de autor pop, acaba gerando um preconceito em parte da intelectualidade. Ele se tornou bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Campinas em 1957, tornou-se pastor Presbiteriano e, em 1963, foi para Nova Iorque e se tornou Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary, nos anos 60 se envolve com o movimento latino-americano de renovação da teologia, suas idéias liberais o colocam em choque com o protestantismo histórico e ele é denunciado como subversivo pela Igreja Presbiteriana, que o considera persona non grata, abandona a igreja e resolve retornar aos Estados Unidos, se torna Doutor em Filosofia (Ph.D.), pelo Princeton Theological Seminary. De volta ao Brasil se torna professor-adjunto na Faculdade de Educação da Unicamp e passa a focar seu trabalho na Educação. No início dos anos 80, torna-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Como a citada conversa com meu amigo caminhou pela Psicanálise, vale um parentesis, extraído da Wikipedia, sobre Rubem Alves e a Psicanálise: "Rubem Alves tem desenvolvido sua teoria e prática psicanalítica em torno da idéia de que o inconsciente é a fonte da arte e da beleza, rompendo com a tradição psicanalítica que descreve o inconsciente como um sub-universo, com um repertório de traumas, repressões e negações, juntamente com impulsos animais destrutivos. Alves defende uma atuação focada na visão de beleza da pessoa por ela mesma, a impulsionando a lutar contra o que a oprime e subjuga. Afirma ainda que a psicanálise deve se libertar de dogmatismos cientifizados e que "parte de nossa neurose é o desejo onipotente de ter os nossos bolsos cheios de verdades e certezas"."


Quanto ao livro, vou me limitar a reproduzir partes do depoimento que Rubem Alves deu à Folha de São Paulo, quando do lançamento em Maio de 2007:


...o livro "Perguntaram-me se Acredito em Deus", uma compilação de histórias protagonizadas por um certo Mestre Benjamin, um sábio que fala dos problemas e da natureza do mundo e da humanidade. A idéia de escrever o livro, conta Alves, surgiu de um encontro promovido pela Folha em que ele recebeu da platéia a pergunta que se tornou seu título.
Já na orelha, avisa: assumindo uma abordagem "antropofágica", o escritor diz ter "comido" vários textos sagrados e tirado deles o extrato do que ali narra. "Tenho formação protestante e há textos que ficaram em mim", diz Alves, doutor em teologia e filosofia. "Misturei passagens bíblicas à minha imaginação poética, e à poesia de escritores como Cecília Meireles, Walt Whitman, William Blake etc. Não respondo à questão colocada no título. Os leitores ficarão fisgados pela pergunta, mas não vão ter respostas, apenas poesia. Se respondesse, diria que não acredito nas caricaturas que as religiões fizeram de Deus." Rubem Alves ressalta ainda que a questão que importa não é se Ele existe ou não. E sim que a mera presença do nome "Deus" na civilização ocidental é um espinho cravado, que tem poder social e psicológico. "Quando o Papa visitou o campo de concentração de Treblinka, perguntou "onde estava Deus?", a mesma pergunta de um editorial do "New York Times" depois dos ataques de 11 de setembro. É incrível como somente o nome Dele já torna as pessoas estúpidas e elas perdem a capacidade de entender as tragédias do mundo", aponta o autor, assumindo também o caráter professoral de sua nova "contação" de histórias. "Nos meus livros anteriores, a dimensão do mistério já estava presente, mas não de maneira tão concentrada como aqui, com o cotidiano, o humor e a poesia. Como Deus perturba muito a maneira como as crianças, adolescentes, as pessoas em geral entendem a vida, acho que o livro tem sim um sentido educativo."
Isto posto, vamos ao que penso:


Tenho muita dificuldade em acreditar em "ismos", apesar de achar que gosto, futebol, religião, política e outras subjetividades mais, se discutem sim. O papel de colocar em discussão as experiências pessoais é fundamental para elaborar nosso viver, o problema é quando dogmas e verdades nos impedem de perceber e aceitar as experiências dos outros. Necessitamos de referências sim, mas elas têm que ser o meio, não o fim. Acho que a explicação, o modelo da ciência, para a existência é tão inocente e frágil quanto o da religião, acho, portanto, que uma resposta para o que poderíamos chamar de Deus ainda está muito longe do nosso entendimento, se é que algum dia vai estar próximo. O que acho é que a religião nos fornece um repertório de símbolos muito ricos que ficaram marginalizados à luz do positivismo. Não sou inocente a ponto de acreditar literalmente em um Deus que é um ser, à nossa imagem e semelhança, um velhinho barbudo, com poderes infinitos, que tudo sabe, tudo vê e tudo pode e que, por uma lógica que nos escapa, produz tantos castigos e sofrimentos, talvez para nos provar, para, após tanta penúria, se passarmos bem por todas as provas, nos levar à vida eterna. Mas também não sou inocente a ponto de ignorar que, se levar em conta tais afirmações, de uma forma mais poética, mais subjetiva, há muito de verdade nesta imagem. Acho que esse mistério, que permeia as relações humanas, e que é a fonte de toda a construção e destruição, sendo que uma é complementar da outra, é a fonte de inspiração para os primórdios das religiões, é mais ou menos o que pode ser nomeado Deus. Os símbolos foram a forma que nossos antepassados tiveram para descrever, elaborar e celebrar seus sentimentos e percepções da vida, de uma forma poética. É uma pena que estes símbolos, de tempos em tempos, são transformados em verdades e utilizados como forma de poder e dominação. Ainda bem que, de tempos em tempos, alguns rebeldes subvertem estas verdades. No livro de Rubem Alves, por exemplo, ele reconta algumas parábolas do Novo Testamento, à luz de uma visão mais contemporânea, e podemos perceber a força destas estórias, não uma força mágica, mas uma força de ampliar nossa percepção do mundo e das pessoas. Um exemplo, dado pelo Frei Cláudio, da Igreja do Carmo, que me fez compreender a diferença entre símbolo e dogma é o seguinte: se você deixar de se benzer antes de uma refeição, é claro que este ato, por si só, não vai mudar a forma como a comida vai ser processada em seu corpo, a benção não é uma energia mágica, que desce dos céus e torna o alimento melhor (abençoado) ou pior (amaldiçoado), mas, de vez em quando, é bom parar em frente ao prato e tentar perceber quantos seres, quantas relações, quantos movimentos, quanta vida, quanta morte, quanta alegria, quanto sofrimento, foram necessários para que um simples arroz, feijão e carne cheguem prontos à sua mesa, assim, quem sabe, aquele alimento sagrado e abençoado, por tudo isto, seja saboreado com mais gratidão e satisfaça melhor a sua fome ("você tem fome de quê?").

Quanto ao vídeo que ilustra o Post "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!"

quarta-feira, 30 de julho de 2008

GILBERTO GIL NÃO É MAIS MINISTRO DA CULTURA

Gilberto Gil anunciou hoje, 30/07/08, seu desligamento do Ministério da Cultura.
Leiam mais no link http://noticias.uol.com.br/politica/2008/07/30/ult5773u18.jhtm .
Sinceramente acho que a decisão é boa, ele faz mais falta como artista.

SAVASSI FESTIVAL 2008

Uma boa dica, para quem gosta de boa música e estará em Belo Horizonte entre os dias 31 de Julho e 4 de Agosto, é o Savassi Festival 2008. Além dos shows do Jazz Clube, entre 31 de Julho e 2 de Agosto, que estão no cartaz (clicar na imagem para visualizar melhor), tem também os shows que acontecem em quatro palcos distintos, no Domingo dia 03 de Agosto entre 12:00 e 22:00, na Rua Antônio de Albuquerque entre Sergipe e Cristovão Colombo, com entrada mediante a doação de 1kg de alimento não perecível.

Haverão também o concurso Fotografe o Jazz, a Festa de Encerramento e Workshops.
Maiores informações no site http://www.savassifestival.com.br/ .

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Cultura da Fome X Fome de Cultura

Neste momento inauguro uma nova oportunidade de aprendizagem, algo que sempre procuro e me aventuro.

E isto graças ao meu muitíssimo amigo, Júlio, que me convidou a participar deste blog.

Espero ser digno e contribuir com a sua proposta original de trocar ideias, exercitar a dialética.
Por isto, esta é uma experiência nova. E como tal, está impregnada de tropeços e quedas de um iniciante. Assim, sugiro menor rigor na análise e mais compreensão com a tentativa. Daí hoje, deliberadamente, me ocuparei mais com o conteúdo, do que com a forma.


Então, gostaria de iniciar esta participação propondo um aprofundamento a um tema que é antigo, mas sempre presente: a FOME. Para tanto, sem pretensão de ser completo e pretencioso, gostaria de construir um "pano de fundo".
Hoje, ouvimos e lemos muito sobre uma crise dos alimentos no mundo. Observamos o ressurgimento da inflação, com aumento de preços nos alimentos, matérias e mais matérias em supermercados: o feijão, o arroz... cada dia mais caros.
Ao mesmo tempo, discute-se o aquecimento global,o recorde do preço do barril de petróleo, as alternativas energéticas, bio-combustível: cana-de-açúcar, no Brasil, milho, nos EUA... Ouve-se sobre a rodada de Doha, EUA acusa China e Índia de ameaçar acordos, Argentina acusa Brasil de traição...
Tema atualíssimo! Porém, há cinquenta anos atrás um brasileiro já alertava sobre o assunto. Nos convidava a repensar nosso modelo de desenvolvimento e agir: Josué de castro. Vale a pena ler matéria de Marilza de Melo Foucher, no Le Monde Diplomatique Brasil (http://diplo.uol.com.br/2008-06,a2455) sobre este brilhante pernambucano. Para quem já conhece, uma re-leitura. E para que ainda não, uma oportunidade ímpar. Nesta matéria, Foucher nos revela o caráter vanguardista de Josué de Castro que falava em acabar com a fome a partir de uma reciprocidade das nações ao invés da política colonial da metrópole. Hoje, ainda uma utopia.

Desta época surge o conceito de segurança alimentar, muito inicial e restrito à ênfase de que o país em guerra precisa ter alimento para sua população e tropas, daí o termo segurança alimentar, era a idéia de soberania militar. Desde então este conceito vem sendo aprimorado. Passou pela década de 1960/70, quando surge o termo "Revolução Verde", falácia da academia, governos e empresas de agrotóxicos, tratores e sementes, que pregava o aumento da produção de alimentos para acabar com a fome no mundo. No Brasil, foi a chamada "Modernização Conservadora": concentração da terra, expulsão das famílias do campo (êxodo rural), crédito subsidiado, tecnologias modernas (tratores, insumos químicos, sementes melhoradas), fronteira agrícola (na época o Cerrado, o centro-oeste). Era o modelo urbano industrial: a dita modernização do campo e criação de reserva de mão-de-obra na cidade para o milagre brasileiro. Foi quando cresceram a regiões metropolitanas brasileiras. São Paulo é o ícone. Na época crescer era desenvolvimento. Vimos no que deu hoje. Minha geração é filha desta época, nascido na cidade de pais e mães vindos do interior.
Voltando ao conceito, na década de 1990, surge o magnífico brasileiro, o Betinho, grande mineiro, que coloca de novo o tema em pauta: "quem tem fome, tem pressa!!!" A campanha do Betinho ganha as ruas e o noticiário. O Itamar cria o CONSEA - Conselho Nacional de Segurança Alimentar, em seguida FHC o extingue e coloca no lugar o Comunidade Solidária da Ruth Cardoso, esvazia de conteúdo e ação políca, vira terceiro setor. O governo paralelo do Lula, mantém a chama acesa e formula um programa voltado para o tema. Em 2003, lança o Fome Zero, "um tiro no pé", muito slogan e pouco conteúdo, naufragou!!

Não obstante, apesar do fome zero, muito foi construído, por pessoas e movimentos sociais, no Brasil e no mundo, o conceito foi aprimorado:
"Considera-se Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável - sigla SANS - a garantia do acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, com base em práticas alimentares saudáveis, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis, sem comprometer o acesso as outras necessidades essenciais. "Fonte: CONSEA/MG.
Eu, como agrônomo, há 15 anos, atuo junto a movimentos sociais e ONG engajadas na discussão de um novo modelo de produção agrícola, no campo e na cidade, debatendo e agindo inspirado neste conceito aí. (Veja que sou daqueles que acreditam em utopias. Como dizia Cazuza, nada como uma ideologia para sobreviver). Sempre me perguntando o que podemos fazer para resolver o problema básico, a fome. Seja na cidade ou no campo. Aí atuo ideologicamente e profissionalmente no tema.
Mas, como viver e buscar o novo é ter o foco na dialética da construção. Vivo cá com as contradições desta busca: as minhas e as da nossa sociedade. Daí armo minha metralhadora, miro no alvo, as vezes acerto no que quero, mas também no que não quero e onde nem imagino!

Como o lema do blog é "Do seio de estúpidas montanhas, o Oráculo das Perguntas sem Resposta. Aonde vale mais o viajar do que o destino. Trazendo as boas novas e passando o ferro nas velhas".

Então lá vai provocação de debate... "viva o bom combate"...
Ora, mas nunca se produziu tanto, nunca se consumiu tanto... E a fome permanece...
Nestes últimos cinquenta anos, as mudanças na estrutura agrária do Brasil foi imensa. O tema já é muito conhecido, não vou repetí-lo. Mas podemos perguntar aos nosso pais ou mesmo nos lembrar, que há algumas décadas atrás, a diversidade de possibilidades de aquisição de alimentos era muito menor. Atualmente temos, durante todo o ano, possibilidade de consumir frutas, legumes, embutidos, doces, ..., os mais variados.

Paradoxalmente, me aparece, que nunca nos alimentamos tão mal! Obesidade, colesterol, hipertensão, doenças do nosso tempo. Sobre isto recomendo o documentário "Supersize Me" (no youtube tem e nas locadoras também"), uma denúncia fortíssima ao fast food. Imperdível.
Daí, começa-se a compreender de insegurança alimentar e nutricional não é só falta de ter o que comer. É se alimentar mal!! Vejam quantos de nós tem grana e se alimenta mal. É a vida corrida, para para almoçar e ou jantar é perda de tempo (e de saúde). A mídia nos bombardeia com pizzas, embutidos, doces, ..

Um dos enfoques que mais me atraem no conceito de SANS é a questão da "cultura alimentar", o respeito a diversidade cultural e social. Ela nos remete a questão de que o hábito alimentar e expressão autêntica da cultura de um povo. Então fique tranquilo, que aquele fígado com jiló do mercado central, ou troperão do Mineirão, ou o pastel de angú de Conceição do Mato Dentro, a couve com angú da nossas avós, e muitos outros, são concretamente manifestações de nossa identidade. Assim, comê-los e celebrar a convivência em comunidade é um "ato político", e não só um ato de alimentação do organismo humano. Da mesma forma, que comer no Mac Donald's é também um ato político. Sem discurso planfetário, onde a retórica vale mais que o cotidiano, não tenho um posicionamento maniqueista, mas afirmo que está clareza do ato político da da alimentação é relevante e é bom que estejamos conscientes.
Então deixo perguntas no ar:No que, através do nosso hábito de consumo, interferimos na fome do mundo? Comer é mesmo um ato político? Você apoia José Bové, quando ele propõe quebrar Mac Donald's pelo mundo? Política é política, mas um belo hamburguer com coca cola tem seu lugar? Quando você come aquele torresminho de barriga com uma bela cachaça de Salinas, você está convicto que está mantendo a identidade de um povo? Ou quando você come um frango com quiabo? E a costelinha com orapronóbis?Agora eu fecho aqui: melhor a fome de cultura, do que a cultura da fome do atual modelo de desenvolvimento do nossa civilização, não é mesmo??? O Consumo é poder. O que você tem feito por isto???

sábado, 26 de julho de 2008

PARABÉNS MICK JAGGER

Dia 26/07/08 , Sir Mick Jagger, isto mesmo, Sir, desde que recebeu o título de cavaleiro britânico em 2003, completou 65 anos e, de acordo com as leis inglesas, adquiriu o direito de se aposentar e receber uma pensão básica, de quase 91 libras semanais, o equivalente a R$285,00 , para somar à sua fortuna, estimada em cerca de 225 milhões de libras, o bastante para alimentear seus 7 filhos e 3 netos.



Independente de a toda polêmica que Mick Jagger possa causar, seu nome está gravado para sempre na história do rock´n roll. Seu papel, como vocalista dos Rolling Stones, criou uma marca que serviu e serve, até hoje, de parâmetro para qualquer jovem, que não tenha nada mais a fazer, a não ser cantar em uma banda de rock´n roll.


Junto com Keith Richards, os Glimmer Twins, formaram uma das duplas mais famosas da música popular mundial, mas, como toda boa relação, nem sempre tudo foi um mar de rosas.

Em 1985, Mick Jagger gravou seu primeiro álbum solo "She´s The Boss" e esteve no Brasil para gravar o clipe da música "Just Another Night".








Mesmo se o rock errou, vida longa para ele, pois, pelo menos, ele tentou.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

EVOLUÇÃO - CORPOS GIRANDO PELO UNIVERSO


Este Post era para ser um comentário, em resposta ao comentário do Markim sobre o Post "Jung e a Busca Pela Inovação", mas estava ficando tão longo que resolvi colocá-lo como um novo Post.

Para iniciar gostaria de pontuar algumas questões.

A afirmação sobre evolução carece de uma definição mais clara. Para mim o ser humano é um ente muito complexo, com infinitos vetores, apontando para diversas direções. O que forma nossa personalidade não pode ser explicado somente em um âmbito, o material, o sentimental, o mental, por exemplo, assim, quando falamos de evolução, é necessário estar ciente de que falamos, em geral, apenas de alguns vetores, ser evoluído materialmente, tecnologicamente, não significa ser evoluído sentimentalmente, socialmente, culturalmente, assim, acredito que uma comunidade pode ser extremamente evoluída tecnologicamente e pouquíssimo evoluída artisticamente, por exemplo. Pode parecer bobagem, mas lidamos com estes conceitos o tempo todo, sem, às vezes, nos darmos conta. Trazendo para o âmbito individual, darei exemplos simples, uma pessoa com uma capacidade racional bastante elevada pode ser incapaz de tocar um instrumento musical, ou de contar uma estória e é muito comum criarmos pré conceitos de que uma pessoa bem fisicamente, está bem psicologicamente ou de que uma pessoa bem vestida e que tem bens materiais é mais competente no exercício de uma determinada profissão.

Como estes vetores são complexos e muitos deles não conseguimos explicar, somente sentir ou perceber, entramos em áreas aonde a crença e a fé passam a ter um papel muito importante, e não estou falando somente da fé religiosa, e é aí que muitas coisas se complicam, pois para sentir/perceber é necessário estar aberto a experiências, vivências, é necessário saber simbolizar e perceber símbolos. Se tentamos explicar e fundamentar os símbolos numa perspectiva racional, ficamos fechados, preconceituosos, fundamentalistas e perdemos o foco da vivência, que é o principal. Numa cultura que apostou muito na evolução racional, isto passa a ser uma marca muito contundente.

Em uma revista científica, vi um exemplo que ilustra nossa dificuldade em construir um modelo para nós mesmos. O artigo falava justamente da busca da ciência pela origem da mente e há um grupo de cientistas que acham esta busca improvável, pois, para eles, a mente se encontra em uma dimensão à qual não temos acesso, e exemplificam com a metáfora de uma máquina fotográfica, que gera imagens em duas dimensões, tentando gerar um modelo de si mesma, ela pode até gerar modelos bem próximos, com imagens em várias perspectivas, mas ela jamais conseguirá realmente ver a si mesma em três dimensões e só conseguirá modelos em duas dimensões.

Por isso tenho uma visão comedida em relação a alguns conceitos, como a reencarnação por exemplo. Acho que a possibilidade dela existir ou não é a mesma e chego a crer que, se não temos lembranças de vidas passadas, caso elas tenham existido, isto tem uma razão, talvez essa lembrança não seja o mais importante. Como a nossa alma, nossa personalidade, nossa mente, no sentido mais amplo, filosófico, não somente religioso, foi formada, não é o mais importante, mas quais são as necessidades dela, o que fazemos com ela, o que estamos buscando e como a utilizamos para construir algo, isto sim importa. Se ficarmos discutindo se Jesus Cristo transformou água em vinho ou não, andou ou não sobre as águas, multiplicou ou não os pães e os peixes, ressucitou fisicamente ou não, perdemos a mensagem de amor e despreendimento dele, que é, na verdade, o que faz ele estar presente e ser tão instigante até hoje.

Para mim, estamos longe de conseguir perceber o sentido desta vida, se é que ele existe. A falta deste sentido pode ser destrutiva, mas pode ser também altamente construtiva. Podemos ser mais despreendidos, mais generosos, mais fraternos, partilhar mais, construir relações de melhor qualidade e, no final das contas, construir nosso próprio sentido e viver mais e melhor, não só em quantidade, mas em qualidade.

Fácil né? Nenão! Romper as amarras da nossa alma é tarefa das mais difíceis e diria até das mais sofridas, principalmente porque falamos de infinitas sutilezas, o que escrevo aqui pode ser o oposto do que faço quando estou dirigindo ou discutindo futebol. Nossos vetores encontram resistências ou ecos nos vetores dos outros e, o que já era complicado, imaginem.

Mas dizem que "vale mais o viajar do que o destino".


Este Post foi escrito ao som de muita música boa, tocada aleatoriamente, vocês podem imaginar as suas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pink Floyd muito bem revisitado

Estava na praia de pernas para o ar tomando uma cervejinha quando ouvi uma música suave e irresistível que, apesar de ter a certeza de nunca ter ouvido, me soava estranhamente familiar. Fui perguntar à dona do quiosque o nome da banda que estava tocando. Ela disse que não sabia quem era, mas que eu poderia comprar o cd por R$ 5 na pracinha. Quando cheguei da praia fui direto a tal pracinha e qual não foi minha surpresa ao perceber que se tratava de um tributo ao Pink Floyd. Nunca gostei dos chamados “tributos” que sempre me pareceram uma espécie de tapeação. Mas estava enganado. É muito mais do que isso. Todas as doze faixas passaram por um fino processo de reestruturação e ganharam muito em charme e brilho com arranjos eletrônicos, bossa nova e um suave vocal feminino. É realmente uma experiência! A gravação é de 2002 e não se encontra muitas informações a respeito. Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir, deixo o link de uma das faixas para degustarem e tirarem suas próprias conclusões.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

NINE INCH NAILS NO BRASIL

O NIN divulgou em seu site oficial (http://www.nin.com/), as datas da Tour "Lights In The Sky" na América do Sul e confirmou que, no dia 07 de Outubro (quando estarei completando 42 anos bem vividos), tocará na Via Funchal em São Paulo e, no dia 10 de Outubro, tocará no Pepsi On Stage em Porto Alegre. Quem viu os shows de 2005, quando a banda esteve no Brasil, diz que é de tirar o fôlego.
No site está disponível um EP para download gratuito, intitulado "Lights In The Sky: Over North America 2008 Tour Sampler", com 4 músicas das bandas de suporte aos shows na América do Norte, "A Place To Bury Strangers", "Does It Offend You, Yeah?", "Crystal Castles", "Deer Hunter" e uma música do Nine Inch Nails "Echoplex", junto ao EP vem encarte, cartaz, fotos e wallpapers.
No site é possível também assistir a 3 vídeos, com performances ao vivo de ensaios, das músicas "1,000,000" (que ilustra este Post), "Letting You" e "Echoplex", retirados dos 5 vídeos presentes no "The Slip limited edition CD/DVD package".
O NIN tem um sistema interessante de pré venda de ingressos personalizados, para membros registrados no site, que tem o objetivo de colocar os melhores ingressos nas mãos dos fãs, ao invês dos cambistas, segundo divulgação no próprio site.
Assistam a reportagem do Metrópolis da TV Cultura sobre a banda.

Gosto não se discute!
















Fernanda Takai lançou há alguns meses um livro com a coletânea dos textos escritos em sua coluna no Estado de Minas. Sou suspeito para falar porque sempre fui apaixonado por ela e seu trabalho, desde os tempos em que não sabia que a menina era casada com o John e me deliciava com o beijinho fu a mim dedicado quando autografou minha versão em CD do "gol de quem?", orgulhosamente comprada na loja da Cogumelo na Avenida Augusto de Lima (faz tempo, hein?!?). Paixões adolescentes de lado. O livro é bem legal, leve de ler e tão encantador quanto a própria Fernanda. Li outro dia um de seus textos que me fez construir uma elaboraração sobre uma acirrada discussão musical ocorrida em minha casa outro dia. O texto diz de uma caixa com umas fitas antigas que a mãe dela encontrou em uma arrumação e lhe deu. Ela conta que ouvir aqueles K7s antigos fez sentir o mesmo vento na cara das viagens que fazia de carro com sua família e o gosto dos sanduíches e do chicabon das paradas. Lembra-se de como se sentia orgulhosa em elaborar suas próprias fitas para agradar a todos os passageiros e se regozijar com um elogio: "Nossa, adoro essa música!". Discutíamos nós sobre a genialidade ou não de coisas que gostávamos de ouvir, todas elas lançadas recentemente: Los Hermanos, Nine Inch Nails e As Chicas. Foi impressionante como esses artistas conseguiam emocionar apenas àqueles que os defendiam. Parecia literalmente uma conversa de surdos! Talvez pelo esquecimento do valor afetivo que a música tem e da singularidade das emoções despertadas por seus versos, riffs, harmonias e melodias. É amigos gosto definitivamente não se discute, mas se constrói às custas de alegria, sofrimento, paixão, ódio, rebeldia e sentimentos afins. No final éramos só quatro crianças querendo reconhecimento pela seleção de músicas que fizemos.

Um abraço.



Esse post dedicado aos amigos Júlio, Fa e Crisin foi escrito ao som mental de "A história de Lily Braun", música de Edu Lobo e Chico Buarque, interpretada por Gal Costa no albúm "O grande circo místico" e cuja letra, melodia e harmonia não me saíram da cabeça esta semana.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

HEAVY METAL DO SENHOR

Deu na BBC Brasil na Terça-feira 24/06, "Frade Metaleiro Participa de Festival de Música Na Itália".

Cesare Binozzi de 62 anos, um frade franciscano da ordem dos capuchinhos, vai participar, no dia 29 de Junho, Domingo, do festival Gods Of Metal, que acontece de 27 a 29 de Junho em Bolonha na Itália, ao lado de Ingwie Malmsteen, Slayer, Judas Priest, Iron Maiden e outros. Ele tem uma banda de Heavy Metal, a Fratello Metallo (Irmão Metal), que já gravou 15 álbuns independentes, aonde faz as letras e o restante do grupo as músicas. Segundo o frade, ele utiliza a energia pura e intensa e a beleza do Heavy Metal, com a intenção de transmitir aos jovens os ensinamentos do Evangelho, de uma forma diferente, com letras mais duras, como a realidade. Para ele o Heavy Metal não tem nada de satânico, pelo contrário, as bandas que se dizem satânicas são uma minoria no universo do Heavy Metal e o símbolo típico dos metaleiros, os dedos mindinho, indicador e polegar apontados, significa "eu te amo".

Eu endosso o Zeca Baleiro, "a banda cover do Diabo acho que já tá por fora... o mundo inteiro vai pirar com o Heavy Metal do Senhor". Em homenagem ao frade Cesare Binozzi, o vídeo do Zeca Baleiro acústico no Mult Show, com a participação especialíssima do guitarrista mineiro Rogério Delayon.

domingo, 22 de junho de 2008

TOM ZÉ - O ESTADO DA ARTE



Se é possível a definição de "arte", ela necessariamente passa por artistas como Tom Zé. Este baiano de Irará, nascido Antônio José Santana Martins em 11 de Outubro de 1936, em uma família que ficou abastada por conta de um bilhete de loteria premiado, desenvolveu uma forma muito peculiar e original de perceber o mundo e simbolizá-lo em suas obras. Ouvir Tom Zé, mesmo que seja em uma entrevista, me emociona, porque consegue me transportar a uma outra perspectiva da vida.




Tom Zé, que estudou música na Universidade Federal da Bahia, com alguns expoentes da música de vanguarda, foi um dos mais ativos participantes do movimento Tropicália, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil e chegou a ganhar, em 1968, o IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com a canção "São, São Paulo, Meu Amor". Nos anos 70 e 80 produziu trabalhos experimentais, que foram o afastando do grande público, até quase cair no ostracismo, já estava se decidindo a largar a música e voltar para Irará, para trabalhar em um posto de gasolina de seu irmão, quando o destino, mais uma vez, o presenteou. No final dos anos 80, David Byrne, ex líder dos Talking Heads, de passagem pelo Brasil, estava interessado em conhecer a música brasileira, especialmente o samba, foi a um sebo e deu de cara com o disco "Estudando o Samba" de Tom Zé, se encantou, procurou Tom Zé, relançou sua obra nos Estados Unidos, através de seu selo Luaka Bop, e produziu alguns trabalhos do artista, que se tornou um sucesso de crítica, "Com Defeito De Fabricação", de 1998, foi considerado um dos dez melhores discos do ano pelo New York Times.


Em 2006, inspirado pelo resultado de uma pesquisa de 2005 da MTV Brasil, com jovens brasileiros, que mostrava uma tendência coletiva ao hedonismo, consumismo e irresponsabilidade social e indicava que os jovens, de uma maneira geral, não se interessavam muito pelo aspecto lírico de álbuns de música, Tom Zé resolveu endossar a opinião de Chico Buarque, que havia decretado a morte da canção, e lançou um álbum sem letras, só com onomatopéias e sílabas sonoras, intitulado "Danç-Êh-Sá - Dança Dos Herdeiros do Sacrifício", ingressando no que ele chamou de universo da Pós-Canção, o álbum também recebeu o sub-título de "7 Cayminianas Para O Fim Da Canção".

Agora, inaugurando mais uma iniciativa da gravadora Trama, o Álbum Virtual , que irá disponibilzar lançamentos da gravadora para download gratuito, com um patrocinador remunerando o artista por cada download, por um período determinado, Tom Zé lança o álbum "Danç-Êh-Sá - Ao Vivo", gravado nos estúdios da Trama, em parceria com o Canal Brasil. Mesmo para quem conhece o disco anterior, as versões são bem diferentes e ainda inclui "Xique Xique", parceria com José Miguel Wisnik, para o espetáculo "Parabelo" do Grupo Corpo.


Então não percam tempo, corram ao http://www.albumvirtual.trama.com.br/ e tirem os pés do chão, por alguns momentos.

Vejam reportagem do programa "Metrópolis" da TV Cultura.

AMY WINEHOUSE - REHAB YEAH, YEAH, YEAH!

A londrina Amy Winehouse apareceu em 2003 com o álbum "Frank", que já trazia sua voz maravilhosa, uma interpretação arrebatadora e uma mistura fantástica de música sofisticada com batidas pop, que conseguiram agradar tanto aos ouvintes mais exigentes, quanto ao mercado consumidor de uma música mais fácil.

Em 2006 lançou "Back To Black", que a levou definitivamente ao auge. "Back To Black" foi o álbum mais vendido de 2007, ganhou 5 das 6 indicações que recebeu ao Grammy 2008 e colocou Amy entre os artistas mais ricos da Grã Bretanha.

Porém os problemas começaram a aparecer, Amy, com 24 anos, rica e ditando moda com seus penteados, maquiagem e estilo de vestir, começou a ser figura frequente das páginas policiais, principalmente por conta de seu envolvimento com drogas, teve seu visto negado para entrar nos Estados Unidos e participar do show de premiação do Grammy, tendo que fazer uma participação no telão, via satélite, abandonou o projeto de fazer a canção para o novo filme de James Bond e, no show do Rock In Rio de Lisboa, em 30 de maio de 2008, fez uma apresentação sofrível, com a voz rouca e sem conseguir se equilibrar direito no palco. No dia 16 de Junho a artista sofreu um desmaio, em sua casa em Londres, foi internada e hoje, dia 22, seu pai, Mitch Winehouse, declarou ao jornal inglês "Sunday Mirror" que foi diagnosticado um enfisema pulmonar, que, se Amy não abandonar as bebidas e as drogas, poderá arruinar sua voz e até levá-la à morte. Amy foi convidada pessoalmente por Nelson Mandela para participar de um show em 27 de Junho no Hyde Park em Londres, para comemorar os 90 anos do líder sul africano e, no dia seguinte, participaria do Glastonbury Festival, mas, aparentemente, não vai poder comparecer aos compromissos, para cuidar de sua saúde.

Fica nossa torcida para que Amy seja mais forte que isto tudo e consiga dar a volta por cima. O vídeo que ilustra o Post é de "Stronger Than Me", primeiro single do álbum de estréia "Frank".

sábado, 21 de junho de 2008

AUTORAMAS VOCÊ SABE

A gravadora Trama tem um projeto muito interessante que é o TramaVirtual . É um espaço de interação, aonde músicos podem criar homepages personalizadas, disponibilizar músicas, vídeos, fotos e materiais de divulgação diversos, além de interagir com outros músicos e com o público. Os visitantes podem também interagir com os músicos, ou seja, é um espaço muito rico para garimpar e conhecer o que está sendo feito à margem da indústria. Para conhecer é só visitar o www.tramavirtual.com.br .

Umas das bandas mais conhecidas do cenário alternativo, os "Autoramas", está lá e disponibiliza todas as suas músicas, com exceção do trabalho mais recente "Teletransporte".

Autoramas é o projeto atual de Gabriel Thomaz, com Bacalhau na bateria e a nova integrante Flávia Couri no baixo. Gabriel Thomaz é figura ativa do cenário alternativo e já participou de projetos bem interessantes como o "Little Quail & The Mad Birds" e "Acabou La Tequila", atualmente também toca um projeto paralelo chamado "Lafayette e Os Tremendões", aonde, junto com outras figuras do cenário alternativo, toca músicas da Jovem Guarda com o grande organista Lafayette, que era um grande nome deste movimento, responsável por muitos arranjos e os sons de orgão, que escutamos nestas músicas.

O clipe que ilustra este Post é o de "Você Sabe" do álbum "Nada Pode Parar Os Autoramas" de 2003, que foi premiado no VMB2005 da MTV, como Melhor Direção de Videoclipe (Luís Carone), Melhor Videoclipe Independente, Melhor Edição e foi indicado para Melhor Fotografia e Melhor Arte.

ENTREVISTA GILBERTO GIL




Gilberto Gil fala do processo de gravação de seu disco mais recente "Banda Larga Cordel", dos 4 anos sem compor e do seu momento atual de criação.


Quem ainda não ouviu o disco, vá ao Post de 20 de Maio "Gilberto Gil - Banda Larga Cordel" e curta as músicas, vale a pena.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A TRAMA DOS INDEPENDENTES E DOS ESQUECIDOS

Para quem curte boa música e quer conhecer coisas novas ou relembrar artistas consagrados, mas deixados à margem pela indústria, uma grande referência é a gravadora Trama.
Fundada em novembro de 1998 por João Marcello Boscolli e os irmãos André e Cláudio Sjazman, a Trama é hoje uma referência no meio musical, é a maior gravadora independente do país.
O http://www.trama.com.br/ é excelente, muito interativo, sempre atualizado e permite ao visitante conhecer bastante sobre a gravadora e principalmente sobre os artistas. O portal hospeda os sites dos artistas, disponibiliza vídeos, entrevistas, versões exclusivas de músicas, dá notícias e apresenta as ferramentas de divulgação da gravadora.
A Trama tem vários canais no Youtube, vale a pena conhecer. O vídeo que ilustra este post é do canal TramaTV, relembrando a saudosa Elis Regina, cantando o clássico Águas de Março, no programa Ensaio da TV Cultura em 1973, que foi lançado em DVD pela Trama.

terça-feira, 10 de junho de 2008

PAUL McCARTNEY - A ÚLTIMA CHANCE

Pois é, parece que Billy Shears (ou seria William Campbell?), o talentosíssimo sósia de Paul McCartney, que, após a morte de Paul em um acidente de carro em novembro de 1966, mudou a história da música e dos Beatles, cansou dessa vida de pop star e resolveu cuidar da família.

Nesta terça-feira 10/06/08, oito dias antes de completar 66 anos, Paul McCartney anunciou que fará sua última grande turnê, com aproximadamente 100 shows e 2 anos de duração e então irá cuidar da família. Pelo que parece, ele não pretende parar de tudo, mas daqui para diante nada de mega turnês e muito tempo na estrada, então será a última oportunidade, para muitos, de ver Paul (ou seria Billy?) ao vivo.

Paul esteve no Brasil em duas oportunidades, em 1990, quando conseguiu colocar mais de 184 mil pessoas no Maracanã e entrar para o livro dos records, e em 1993, quando tocou em São Paulo e Curitiba. Me lembro que meu grande amigo Rafael me chamou para irmos a um dos shows, mas, por razões injustificáveis, que recalquei e não me lembro mais, não fui. Me arrependi amargamente ao ver o vídeo dos shows de 1990, no Maracanã, com Paul no melhor de sua forma, com uma banda de primeira, que incluia o guitarrista Robbie McIntosh, que tocou com The Pretenders, o baixista e guitarrista Hamish Stuart, do Average White Band, Paul "Wix" Wickens nos teclados, Chris Whitten na bateria e a "gatinha" Linda McCartney no apoio moral.

Agora é ficar ligado e não perder a oportunidade, mesmo que Paul, depois de ficar viúvo, casar novamente, se divorciar e, por causa disso, ficar mais ou menos 100 milhões de dólares mais pobre, não tenha o mesmo pique de 15 anos atrás.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

BO DIDDLEY

02 de Junho de 2008 entra para a história da música, como o dia em que o Rock´n Roll perdeu um de seus precursores e mais influentes guitarristas.

Bo Diddley, que, apesar de não ser um músico exclusivamente de Rock, com sua atitude e maneira singular de tocar guitarra, ao lado de nomes como Chuck Berry, ajudou a fundar as bases do que seria posteriormente conhecido como Rock´n Roll, faleceu hoje, vítima de insuficiência cardíaca.

Bo Diddley iria completar 80 anos em 30 de Dezembro e já estava com a saúde debilitada, havia sofrido um infarto em Agosto de 2007, um derrame, durante uma apresentação, que afetou o lado esquerdo de seu cérebro, em Maio de 2007 e, antes disso, já apresentava um quadro de diabetes e hipertensão.

Fica a saudade e a gratidão pelo seu legado.

Que os céus reservem um bom lugar para ele tocar sua guitarra retangular e levar mais alegria e irreverência ao Paraíso.

domingo, 1 de junho de 2008

PRINCE x RADIOHEAD CREEP

O músico norte americano Prince, que no período entre 1993 e 2000, por conta de uma briga judicial com sua antiga gravadora a Warner Bros. , mudou seu nome para um símbolo impronunciável, que era uma união dos símbolos masculino e feminino, e preferia ser chamado de "o artista anteriormente conhecido como Prince" ou "o Artista", andava meio sumido, desde 2003, quando anunciou sua conversão a Testemunha de Jeová, após um período de vida conturbado, que incluiu a morte de seu filho recém nascido e posterior anulação do casamento.

Agora ele está de volta, protagonizando a mais recente polêmica no meio musical.

No final de abril de 2008, Prince se apresentou no Festival Coachella, na Califórnia. Havia uma equipe de filmagem pessoal do músico e ele proibiu os fotógrafos presentes de tirar fotos, durante sua apresentação, porém acho que Prince está um pouco defasado com a tecnologia e é claro que muitos fãs filmaram a apresentação. O show teve um auge, quando Prince executou uma versão da bela música "Creep" da banda inglesa Radiohead. Esta música é o primeiro single do Radiohead e causou muita polêmica quando foi lançada, chegando a não ser tocada na BBC Radio1, por ser considerada muito depressiva, depois se tornou um dos maiores sucessos da banda, sendo executada por artistas os mais variados possíveis, como Bob Dylan, Pretenders, Moby e Korn, todos possíveis de ser encontrados no YouTube. É claro também que os vídeos da apresentação de Prince foram parar no YouTube.

A polêmica começou quando Prince, através de sua gravadora, a NPG Records, tentou proibir a veiculação dos vídeos de sua versão de "Creep" na Internet, inclusive solicitando ao YouTube que bloqueasse todos os vídeos, alegando quebra de direitos autorais. O Radiohead, banda que, em outubro do ano passado, causou um alvoroço no mercado fonográfico, ao disponibilizar seu mais recente trabalho "In Rainbows" para download, pelo preço que o comprador quisesse pagar, não deixou por menos, o guitarrista Ed O´Brien fez piada, dizendo que o fato o poupou de ouvir a versão de Prince e o vocalista Thom York ironizou o fato, inclusive alegando que iria solicitar ao YouTube que liberasse todos os vídeos, já que a canção era deles.

Os vídeos da versão de Prince são de baixa qualidade de som e vídeo, servem mais como um registro histórico, para fãs, e podem ser facilmente encontrados, com uma pesquisa simples no Google ou até no YouTube. Outra coisa que Prince não sabe, ou finge não saber, já que a iniciativa lhe rendeu a volta à mídia, é que será quase impossível cumprir a sua meta de banir os vídeos. Enquanto o Prince não disponibiliza um vídeo de melhor qualidade, vamos ficar com uma versão do Radiohead, de um show em 1996, com um bônus extra da canção "Fake Plastic Trees", que tornou a banda conhecida em todo o Brasil, ao ser incluída em um comercial sobre Síndrome de Down.

JUNG E A BUSCA PELA INOVAÇÃO


O trecho que vou transcrever a seguir, está presente no final do capítulo "A Torre", do livro "Memórias, Sonhos e Reflexões", que é a autobiografia do psiquiatra suiço Carl Gustav Jung.

Desde a primeira vez que li este trecho, fiquei impressionado com a abordagem de Jung sobre o progresso e sempre retorno a ele para refletir sobre os nossos tempos e a busca incessante pela inovação.

É bom lembrar que este livro foi escrito entre 1957 e 1961 e, o que já era um tema para reflexão naqueles tempos, atinge hoje níveis impensáveis a 50 anos atrás.


"Tanto nossa alma como nosso corpo são compostos de elementos que já existiam na linhagem dos antepassados. O novo na alma individual é uma recombinação, variável ao infinito, de componentes extremamente antigos. Nosso corpo e nossa alma têm um caráter eminentemente histórico e não encontra no realmente-novo-que-acaba-de-aparecer lugar conveniente, isto é, os traços ancestrais só se encontram parcialmente realizados. Estamos longe de ter liquidado a Idade Média, a Antiguidade, o primitivismo e de ter respondido às exigências de nossa psique a respeito deles. Entrementes, somos lançados num jato de progresso que nos empurra para o futuro, com uma violência tanto mais selvagem quanto mais nos arranca de nossas raízes. Entretanto, se o antigo irrompe, é frequentemente anulado e é impossível deter o movimento para a frente. Mas é precisamente a perda de relação com o passado, a perda das raízes, que cria um tal mal-estar na civilização, a pressa que nos faz viver mais no futuro, com suas promessas quiméricas de idade de ouro do que no presente, que o futuro da evolução histórica ainda não atingiu. Precipitamo-nos desenfreadamente para o novo, impelidos por um sentimento crescente de mal estar, de descontentamento, de agitação. Não vivemos mais do que possuímos, porém de promessas; não vemos mais a luz do dia presente, porém perscrutamos a sombra do futuro, esperando a verdadeira alvorada. Não queremos compreender que o melhor é sempre compensado pelo pior. A esperança de uma liberdade maior é anulada pela escravidão do Estado, sem falar dos terríveis perigos aos quais nos expõem as brilhantes descobertas da ciência. Quanto menos compreendemos o que nossos pais e avós procuraram, tanto menos compreendemos a nós mesmos, e contribuímos com todas as nossas forças para arrancar o indivíduo de seus instintos e de suas raízes: transformado em partícula de massa, obedecendo somente ao que Nietzsche chamava o espírito da gravidade.

É evidente que as reformas orientadas para a frente, isto é, por novos métodos ou gadgets, trazem melhorias imediatas, mas logo se tornam problemáticas e ainda por cima custam muito caro. Não aumentam em nada o bem-estar, o contentamento, a felicidade em seu conjunto. Na maioria das vezes são suavizações passageiras da existência, como, por exemplo, os processos de economizar tempo, que infelizmente só lhe precipitam o ritmo, deixando-nos então com cada vez menos tempo. "Omnis festinatio ex parte diaboli est" ("Toda pressa vem do diabo"), costumavam dizer os antigos mestres.

As reformas que levam em conta a experiência do passado são em geral menos custosas e, por outro lado, duráveis, pois retornam aos caminhos simples e mais experimentados de outrora, e só fazem uso moderado dos jornais, do rádio, da televisão e de todas as inovações feitas no sentido de ganhar tempo."

segunda-feira, 26 de maio de 2008

E O CARA ESTÁ PREOCUPADO COM AS UVAS!!!



Interessei-me pela matéria no caderno de ciências da Folha de São Paulo desta segunda-feira: “Inglaterra poderá fazer vinho ‘francês’ em 2080”. O primeiro pensamento foi: "What a hell...?" Lendo a matéria descobri que essa renomada figura aí do lado está prevendo que,com o aquecimento global e as conseqüentes mudanças climáticas na terra da rainha, o ambiente será propício para o cultivo de uvas do tipo cabernet e merlot, cultivadas até hoje em sítios com o clima do sul da França. Putz! O cara é realmente otimista! Imaginem: “O mundo está fudido, catástrofes naturais são comuns, caos social, brigas por recursos naturais, mas aqui na Inglaterra se bebe o melhor vinho do mundo”. Brincadeira, hein?
esse post foi produzido ao som do Lenine, mais especificamente do disco "o dia em que faremos contato".

domingo, 25 de maio de 2008

GRICKLE

Esta é uma animação do Grickle, que descobri nas minhas andanças pelo Youtube, e fiquei fã.

São situações quase que surrealistas, retratadas com um humor negro, fino e inteligente.

Sempre que estou tendendo a levar a vida a sério demais e, por consequência, dando aos meus problemas uma dimensão muito maior do que o efêmero da vida supõe, dou uma conferida nas animações dele, para lembrar que, quando tentamos dar um sentido e uma seriedade muito grande a esta bobagem maravilhosa que é a vida, corremos o risco de parecer insanos e estúpidos.

O endereço do Canal dele no Youtube é http://www.youtube.com/user/grickle?ob=1 .

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ENTRADA FRANCA


Bom, todos sabemos que Belo Horizonte possui uma programação cultural gratuita, mas que não é sempre bem divulgada. Sou daqueles caras mal informados. "Você foi no show do Chico Amaral de graça que teve na praça?", "Que show? Que praça? Por que não me ligou?". Para você que é como eu, tenho o prazer de informar que seus problemas acabaram. Não é nenhum agendator de shows gratuitos tabajara, mas o site http://www.guiaentradafranca.com.br/ visitei o site hoje e descobri muita coisa bacana que vai rolar no final desse mês: cinema, teatro, música, palestras, tudo de graça, free. É isso aí! Acesse o site lá pra dar uma olhada na programação.

terça-feira, 20 de maio de 2008

NA COZINHA COM GILBERTO GIL

O cineasta Andrucha Waddington captou, com seu celular, o momento em que Gilberto Gil apresentava sua nova criação, a música "Banda Larga Cordel".

GILBERTO GIL - BANDA LARGA CORDEL


Houve muito estardalhaço sobre o lançamento do novo trabalho de Gilberto Gil, "Banda Larga Cordel", pela Internet no dia 14/05/08, mas confesso que fiquei um pouco decepcionado.

Não pelo trabalho em si, o primeiro com inéditas em 11 anos, que é bem redondinho, como vocês poderão conferir, e tem chances de alçar grandes vôos, mas pela divulgação que foi feita sobre a magnitude da iniciativa.

Há pouco tempo encontrei uma chamada de reportagem que dizia: "Gilberto Gil Defende A Música Livre", interessado fui ler a pequena entrevista, concedida de Barcelona, aonde fazia show, e encontrei apenas uma postura "em cima do muro". Gil praticamente repetia o Artigo XXVII da Declaração dos Direitos Humanos, ou seja, defendia que todos tinham o direito de ter acesso livre à música e outras manifestações culturais, mas os criadores tinham o direito de receber pelas suas obras, sem acrescentar nada de novo à questão.

Gilberto Gil é, sem dúvida nenhuma, um dos mais importantes artistas brasileiros e se coloca na vanguarda de muitos movimentos, inclusive a Internet, mas me parece que, no movimento em direção à "musica livre", ainda se encontra muito tímido e com o pé bem atrás.

O fato de ele "querer apreciar com moderação" as novas possibilidades, segundo palavras dele próprio, não é o problema em si. Acho que, neste momento, é muito difícil ter uma noção exata sobre aonde isto tudo vai dar e é normal que os envolvidos fiquem com o pé atrás e cautelosos, porém, alardear o contrário, corre o risco de parecer oportunismo.

O álbum está disponível, por enquanto, em "streaming", ou seja, pode ser ouvido, mas não baixado. Mas o mais incrível é que, nas minhas pesquisas, tive extrema dificuldade em encontrar os links para o stream, começando pelo próprio site http://www.gilbertogil.com.br/ , que contem algumas reportagens sobre o lançamento, mas nenhum link, depois pelo site da Warner, gravadora pela qual o artista cumpre o último lançamento previsto em seu contrato, aonde também não encontrei nenhuma referência mais destacada, por fim, ao passar por um blog, para ler sobre outra coisa, me surpreendi, finalmente, com os links. Um laçamento de tamanha importância, em todos os sentidos, mereceria, a meu ver, uma divulgação mais acessível.

Aqui vai um link de uma reportagem sobre o lançamento, que contou com uma entrevista virtual: http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/05/14/ult89u9054.jhtm

Aqui vão os links das 16 músicas, apreciem sem moderação.