terça-feira, 28 de abril de 2009

Novo rock? Ou seria MPB?

Passei pelo conexão vivo algumas poucas vezes essa semana. Vi muita coisa legal e também vi muito mais do mesmo. Chamou minha atenção, além da organização do evento, a energia do Falcatrua, a serenidade tresloucada do Otto e a simpatia talentosa do Moska, pra citar alguns. No entanto, o show que mais me motivou a escrever algo sobre foi o da ilustre desconhecida banda Transmissor.

Desconhecida pra mim. A banda já ganhou até prêmio de destaque no myspace. Lotada em um dos primeiros lugares da noite, quando o parque ainda estava vazio, assisti seu show ainda desacompanhado dos meus amigos. Músicas próprias, arranjos simples e boas letras. Nada demais, é certo, mas tudo muito legal. Fiquei pensando no papel que outra banda teve na história da música brasileira.

Bandas vêm e vão, claro, mas penso que o que normalmente lhes reserva um lugar na história é a característica de transformação introduzida por elas, que nos permite afirmar que existiu de fato um tempo antes e outro diferente depois daquela banda. Genialidade à parte e gosto de lado. Quem, por exemplo, é capaz de negar a influência da Madonna na música pop ou, pra utilizarmos um exemplo nacional, como desprezar o impacto dos Mamonas Assassinas na música pop brasileira. Longe de mim comparar Madonna com Mamonas (isso pode dar divórcio), mas utilizo esses exemplos pra mostrar que estou falando de algo que nem sempre envolve o talento musical, mas postura e uma idéia boa comercialmente e em maiores ou menores proporções artisticamente.
Voltando ao assunto do post, o Transmissor me lembrou como os Los Hermanos ganharam seu pedacinho na história da música nacional. No final dos anos noventa e início dos dois mil, todos no rock nacional queriam soar Skank (tirando Recife que é outro mundo e olha que eu vi muita gente imitando a Nação Zumbi). Era o triunfo do pop. Posterior a isso, com o desgaste desse modelo, que até o Skank abandonou (será?) e no meio do novo resgate do samba e do chorinho (que tem hora que cansa), do radicalismo do rock altenativo (que também cansa de vez em quando) e da vendagem do pop (que não suporto mais), acredito que a banda do almirante até conseguiu criar algo com uma pitada de cada uma dessas coisas (tornando-as menos cansativas e insuportáveis). Ao assistir ao show do Transmissor, percebi com clareza que com isso eles criaram uma nova tendência. Bom, se essa turma é a dos novos Chicos Buarques, se o Marcelo Camelo é o novo gênio da MPB, aí já são outros quinhentos, deixo isso pra quem é fã (no sentido religioso do termo) e fica contagiado pela arrogância dos caras. Arrogância presente nessa turminha "farsa da FAFICH" (conceito cunhado pela minha amiga Bela e de difícil definição), mas que é também exagerada pela imprensa. Sei que me agrada essa misturinha: letras em português (bem escritas), guitarras distorcidas tocando acordes de bossa nova e postura de alternativo com os dois pés no pop (que é antipático em alguns momentos, mas não é crime nos dias de hoje pós punk de butique). Vai aqui o Ventura dos Los Hermanos (meu preferido) e o myspace do Transmissor, já que não consegui o disco. Parece que no myspace dá pra baixar. Quem conseguir me ensina por favor.





O myspace dos(as) caras:


O disco dos Hermanos:





(Não me responsabilizo pelo conteúdo dos links ou pela escolha pelo pirata ou pelo oficial, isso fica a seu critério, sugiro apenas a degustação da obra de arte abaixo, para embasar sua decisão sugiro os primeiros posts sobre pirataria aqui mesmo no las mamas estupendas)




quarta-feira, 22 de abril de 2009

TERRA ESTRANGEIRA

Venho retomar um assunto levantado por nosso amigo Afonso, no post "Cinema Brasileiro: ESTÔMAGO", em outubro de 2008. Naquela oportunidade ele nos convidava a comentar sobre a nova fase do cinema nacional, indicando filmes que nos tenham chamado a atenção.
Pois tenho a acrescentar que, para mim, a grande virada do cinema nacional, ocorreu por intermédio de uma nova geração de cineastas, que trouxeram uma nova linguagem, talvez mais "holywoodiana" sim, talvez herdeira de uma linguagem publicitária, mas, com certeza, com uma narrativa mais envolvente, contando estórias que nos prendem e emocionam profundamente.
Adoro cinema, descobri que adoro ouvir e ver estórias, mesmo as ruins, sou daqueles que assiste a qualquer filme até o fim, gosto dos chamados filmes de arte, gosto também dos "Blockbuster's", mas, sobretudo, gosto de filmes densos, alguns que a maioria acharia chato e entediante, porém, devo confessar, tinha pouco estômago para o cinema nacional "intelectualóide pós Cinema Novo". Mesmo Glauber Rocha, ao qual fui apresentado muito novo por um grande amigo, não consegui muito deglutir, mas guardo um grande respeito a este ícone do cinema nacional, que criou uma linguagem própria e foi reconhecido mundo afora, mas a turma que se julgava herdeira desta linguagem, talvez por conveniência, nunca foi muito bem digerida por mim. É inegável que foram produzidas algumas boas obras, mas, de toda a forma, eram filmes que exigiam um esforço extra para serem mastigados.
Respeito a Carla Camurati e seu "Carlota Joaquina", que abriu as portas da distribuição independente, e ajudou na ressurreição do cinema nacional, em um momento em que ele dava sinais de morte cerebral e corporal, mas acho que o grande responsável por toda uma mudança, em termos de qualidade e linguagem, foi Walter Salles, que, na minha opinião, não é tão reconhecido quanto merece, principalmente pelos brasileiros.
Quando vi "A Grande Arte", baseado em um livro de Rubem Fonseca, que também escreveu o roteiro, já percebi que algo começava a mudar no cinema nacional, finalmente uma nova linguagem estava sendo proposta. O filme não é bom, mas já propunha uma nova forma de contar uma estória cinematográfica, pelo menos em terras tupiniquins. Quando assisti, alguns anos mais tarde, ao "Terra Estrangeira", antes do fabuloso "Central do Brasil", ai sim me apaixonei e percebi que um novo cinema nacional estava nacendo.
Por isso, na minha modesta opinião, "Terra Estrangeira" é um dos filmes mais importantes da história do cinema nacional e, sem dúvida, o mais importante desta recente fase produtiva.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Moinho de pensamentos livres intangíveis - Sobre aquele que tudo podia - Parte 01





Aquele que nada podia e pouco tinha, acordou um dia de um sono profundo.

Lembranças fugazes de um denso sonho embaçavam sua percepção.

Uma imagem recorrente se destacava e o atormentava.

Um velho homem, de rosto enrugado, bastante enrugado,

e olhos de um azul altamente embriagante, hipnotizante.

Parou, refletiu, lavou o rosto a procura de uma organização de seus pensamentos,

mas nada esclarecedor veio à tona. Apenas aquele olhar sombrio que parecia tudo poder.

Entretanto, estranhou que a água sempre gelada que saía da torneira,

a mesma que espetava sua face nas frias manhãs, começou sutilmente a se aquecer,

até chegar na temperatura que nem mesmo ele sabia que considerava a ideal.

Estranho para uma casa que não tinha aquecimento.

Estranho para uma pessoa que nunca havia visto um desejo realizado.

Pensou como seria bom se todos seus desejos fossem realizados.

Se ao pensar em bolo de chocolate um pedaço aparecesse em sua frente.

Ainda com os olhos fechados, enxugando seu rosto,

sentiu aquele cheiro inconfundível. Já salivando, abriu os olhos

e encarou atordoado a suculenta fatia de bolo em sua frente.

Nesse mesmo momento, lhe veio um flash de memória.

Uma frase, dita em voz rouca e enrugada.

Desejo que alguém que nada possa e pouco tenha

acorde e receba o dom, que um dia me foi entregue,

que tenha tudo o que desejar.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

LINEAR - 360 GRAUS

This is the cover art for the Album Cover White as Snow (song) by the artist U2. The cover art copyright is believed to belong to the label, Interscope, or the graphic artist, Hiroshi Sugimoto.

Como prometi na semana passada, mais umas dicas sobre a nova empreitada do U2.


Primeiro "Linear". Linear é um filme sem falas, do fotógrafo e diretor Anton Corbijn, baseado em uma estória de Bono e Anton, que trás as músicas do álbum "No Line On The Horizon", menos "I'll Go Crazy If You Don't Go Crazy Tonight" e mais a inédita "Winter", utilizando os personagens que Bono criou para o álbum. O filme vem junto com as edições digipak, revista, box e iTunes de luxo, do álbum.

Um pequeno aperitivo de "Breathe" pode ser visto no site da banda: http://www.u2.com/stream/article/display/id/4658
Outra novidade é a turnê de divulgação do álbum "U2 360° Tour". Continuando a onda de inovações, que a banda iniciou desde "Zoo TV", para divulgar o álbum "Achtung Baby", agora a banda vai se apresentar em um palco giratório, que ficará no centro da platéia, como pode ser visto no site http://360.u2.com/ . O resultado, pelo que parece, vai ser incrível. Já vou juntar uma grana, por via das dúvidas, caso eles passem por perto.

BATERIAS CARREGADAS

,Estava procurando um vídeo do Dave Weckl, um baterista que conheci numa vídeo aula, que quase me convenceu que tocar bateria era muito fácil, para mostrar para o Caíque, quando dei de cara com o vídeo a seguir. Os outros bateristas eu conheci através do mundo pop, Vinnie Colaiuta tocou com Sting e Steve Gadd com Paul Simon, na época que estes caras se meteram a fazer música sofisticada, com uma boa pegada pop. Pensei, 9 minutos de solo de bateria??? Deus me livre! Mas assisti ao vídeo e eu, que não sou chegado a solo de bateria, fiquei boqueaberto, estes caras realmente têm o que dizer com seus instrumentos.


Steve Gadd se notabilizou por trabalhar com gente como Paul McCartney, Paul Simon, Steely Dan, Al Jarreau, Joe Cocker, Stuff, Bob James, Chick Corea, Eric Clapton, James Taylor, Jim Croce, Eddie Gomez, The Manhattan Transfer, Michal Urbaniak, Steps Ahead, Al Di Meola, Manhattan Jazz Quintet, Richard Tee, Jon Bon Jovi. O toque dele que me chamou a atenção foi em "Fifty Ways To Leave Your Lover", vejam que delícia.


Vinnie Colaiuta, que ficou famoso por tocar com Frank Zappa, me chamou a atenção no trabalho "All This Time", do Sting.


Já Dave Weckl, fiquei sabendo depois, através de uma fita K7 de jazz da melhor qualidade, que ganhei de presente, fez parte da lendária Chick Corea Elektric Band, ao lado de John Patitucci, no baixo, Scott Henderson e Carlos Rios, nas guitarras, depois substituídos por Frank Gambale na guitarra e Eric Marienthal no sax, além de, é claro, Chick Corea nos teclados, jazz moderno de primeiríssima.


E que Deus salve os bateristas que tocam "paca" e que a gente nem nota, se tiver distraído.

O cigarro de Sade

Recebi através de um grupo de discussão do qual faço parte esse texto interessantíssimo. Interessante porque polêmico e principalmente por ser politicamente incorreto, o que hoje em dia tem que ser valorizado nesse mar de homogeneidade em que vivemos. O texto, de autoria de Luiz Felipe Pondé, foi publicado em sua coluna na Folha de São Paulo do dia 13 de abril de 2009. Não sei se concordo com tudo o que ele disse, mas sobre o antitabagismo e a nova lei de São Paulo fico com a declaração de uma colega de trabalho tabagista inveterada: "O problema da convivência é que só o cigarro é proibido."



O cigarro de Sade
Luís Felipe Pondé

SADE É sem dúvida um autor famoso. Para alguns, ele é um gênio que grita pela liberdade em meio ao século das Luzes (um Voltaire maníaco por sexo), para outros, mero tarado sexual com dotes literários medíocres. Apesar de tê-lo lido com alguma atenção e entender um pouco o que os especialistas veem nele, suspeito que, antes de tudo, seu sucesso se deu porque ele era um nobre "em desgraça" que escrevia pornografia pesada (quem não gosta?). Se ele estiver certo, somos todos tarados sexuais. Mas levemos a sério sua "crítica" e vejamos aonde ela nos levaria hoje.

Sade funda uma "tradição" que é ver no sexo algo além dele. Muitos o seguiram nessa suspeita de que sexo é mais do que sexo. O Sade político ou psicanalista é o mais famoso. Mas há um Sade "metafísico". Segundo sua metafísica, a Natureza é perversa e cruel e, portanto, a rigor, não há crime ou transgressão porque a regra é o crime e a transgressão. Nesse sentido, ele se aproxima muito dos cristãos antigos conhecidos como gnósticos, caras que afirmavam que o mundo foi criado por um deus mau. Segundo o que nos legou os críticos desses gnósticos, alguns deles se entregavam a todo tipo de sexo, menos o reprodutivo, como forma de desafio ao deus mau. Diriam eles: "Veja, oh! Miserável deus, você nos fez gostar de sexo para reproduzir suas vítimas, por isso fazemos apenas sexo estéril". Já há aqui algum indício da "sexualidade de protesto".

Mas o Sade político e psicanalista é mais fácil de circular em jantares inteligentes. Seus frequentadores são consumidores envergonhados de antidepressivos, não aturam pessimismo de gente grande como a metafísica de Sade. A política sadiana identifica na moral social a intenção de nos destruir pela repressão do desejo. Quem busca a "virtude", como sua personagem Justine, é objeto "feito" para ser torturado por uma sociedade que dá corpo à crueldade da Natureza louca. A revolta nesse caso é ser sexualmente "livre": transformar-se no libertino, ou seja, no torturador, identificando-se com a "regra da crueldade gostosa".

Já o Sade psicanalista é aquele que "pressente" o gozo da pulsão de morte como natureza essencial do animal louco que seríamos. Violência, revolução e gozo. Depois dele, nunca mais fomos para cama com alguém sem levar junto Freud (mamãe e papai), Marx (e a ideologia de classe), Foucault (e a microfísica do poder invisível), enfim, haja cama grande para tanta gente. Não fazemos mais sexo, fazemos política e sintomas quando temos tesão por alguém. Confesso que no fundo acho esse papo de perversão sexual meio "boring" (um saco): bater, queimar, cortar, apanhar, ser queimado, ser cortado. A mesma lengalenga de sempre. A morte para um perverso é achá-lo entediante. Na realidade, a política sadiana hoje está espalhada em sites sado-maso banais.

Acho mais interessante imaginar o que Sade teria escrito hoje, se vivesse em nossa época, dada a delírios de uma nova "pureza". Imagine, caro leitor, que existem pessoas que "salvam" o mundo comendo alface! Um exército de rúculas! O que seria transgressivo no caso da "nova pureza"? Tiraria ele sarro do "pai Obama"? Ou talvez ele fumaria um cigarro no meio de um templo onde se reúnem os fascistas da saúde?
Mas tabaco faz mal! Claro que sim, mas ser violentada por cinco caras também faz mal. Fazer sexo nos telhados, como gatos, também faz mal. Por que achar que isso é libertador e fumar não? Vamos adiante, quem é o novo Sade? Que tal comer gordura trans? Ou será que a "ciência da comida saudável" já mudou de novo e agora comer gordura trans combate ataques cardíacos? Vejo um Sade gordo, dilacerando uma picanha em meio a um restaurante de comedores de rúculas. Chorariam? Ou o espancariam? Vaquinhas jamais, mas sádicos comedores de carne e fumantes merecem uma surra? Ou apenas desprezo e nojo? Os nazistas também eram defensores dos animais...

Sua Sodoma seria deliciosamente poluída, rindo das "medições" do aquecimento global. No lugar da teoria Gaia da "mãe terra", a "devoradora terra" gargalhando de nossa "devoção verde".

O Sade do sexo envelheceu. Hoje todo mundo acha chique achá-lo chique. O novo Sade é aquele que, talvez, debocharia de uma sociedade da saúde. O que nos humaniza são os vícios, não as virtudes. Temo pessoas que não têm vícios. O novo hipócrita é magérrimo, "verde" e antitabagista.

Anestesia


ANESTESIA
(Nando)

Quero ser sempre o último a dormir
Disso não abro mão!

Começou como uma birra.
Confesso.
Uma luta atroz contra minha neurologia ainda incipiente.
Depois virou mania.
Mania de filho mais velho pra escutar conversa de gente grande.
Era a arma que eu tinha para enfrentar aquela coisa fofa que chamavam de irmão.
Assim eu parecia mais sabido.
Não errava uma palavra e era amado novamente.

Mais tarde virou farra.
Não conseguia mais me desfazer do meu vício.
Arrumei até companheiros pra isso, mas nunca nenhum me derrubou.
Reinava soberano, notívago, bêbado e genial.
Catedrático da filosofia de bar.

Hoje, como disse certa Pessoa,
provavelmente acordada em alguma madrugada distante:
"Tenho um bicho dentro de mim que só sossega com álcool"!
Ainda tenho quem me acompanhe,
amigos esforçados em seguir meu ritmo.
Juntos fazemos planos mirabolantes, solucionamos mistérios da humanidade ou
apenas jogamos conversa fora.
No final, estou só com os meus acordes,
acordado, deliciando o misto de angústia e prazer que a irresponsabilidade me traz.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Toque "Baterístico"

Depois de inúmeras postagens de fino trato e bom gosto neste blog, achei interessante fazer minha contribuição aos colegas.
Como percebi a Ausência® de um post mais "baterístico" resolvi colocar este vídeo que mostra um dos bateristas mais fenomenais da atualidade: Denis Chambers. Neste vídeo ele se apresenta juntamente com John Scofield na guitarra, Gary Grainger no contra-baixo e Jim Beard nos teclados, mandando um jazz de primeira linha.





Aproveitando o embalo, posto também este vídeo que mostra o solo em conjunto de dois Titãs da bateria (Charles Gavin e João Barone), que conseguiram provar que é possível duas baterias se entrosarem, no solo de Cabeça de Dinossauro.





Espero que gostem...

terça-feira, 7 de abril de 2009

NENHUMA LINHA NO HORIZONTE

Amigos estou adorando ouvir as coisas novas que estão aparecendo no "Las Mamas Estupendas", mas vou ter que render uma homenagem a uma banda do "mainstream".

Eles estão de volta, no mais alto estilo e, faz alguns dias, estou feito um fã enlouquecido, ouvindo, lendo, vendo, colhendo informações. Já estou maravilhado com o novo álbum do U2, banda com 33 anos de estrada e ainda longe de estar desgastada, ultrapassada, pelo contrário, "No Line On The Horizon" é mais uma prova de vitalidade e vigor da banda.

O vigésimo trabalho de estúdio da banda teve uma história tão ou mais conturbada do que o renegado "Pop" de 1997. Sou suspeito, pois o "Pop", que todos jogam no limbo, é, para mim, um dos melhores trabalhos da banda, mas falemos disto depois, "No Line On The Horizon" é o melhor e mais inovador trabalho da banda, como chegou a anunciar o co-produtor Daniel Lanois? Provavelmente não, não sei, não acredito muito em maniqueismos e extremismos, mas "No Line On The Horizon" é um "discasso", se não fosse do U2, aonde a cobrança é ainda maior, principalmente pelos críticos do bom moço Bono Vox, seria um grande trabalho de qualquer banda iniciante ou até em atividade, no momento.
Tem também a questão de toda a expectativa que o álbum causou, foi o maior hiato da carreira do grupo, que havia lançado "How To Dismantle An Atomic Bomb", álbum anterior, em 2004. O grupo resolveu tentar, mais uma vez, um novo produtor, Rick Rubin, que produziu, entre outros grandes sucessos, o "Blood Sugar Sex Magik" do Red Hot Chili Peppers', mas a parceria não deu muito certo e a banda, na dúvida, chamou novamente a dupla Brian Eno e Daniel Lanois, produtores da banda desde "Unforgettable Fire", de 1984, com a única exceção de "Pop". O álbum era para ser lançado em Outubro de 2008, mas a banda pediu mais um tempo, para finalizar algumas canções e, finalmente, no final de Fevereiro de 2009, o álbum foi lançado, com uma novidade, algumas canções trazem a assinatura dos produtores, como co-autores das músicas. Crise de criatividade? Talvez, mas vamos conferir o resultado:

A primeira faixa é "No Line On The Horizon", uma canção com um clima sensacional que, em alguns momentos, me remete ao que melhor foi produzido nos anos 80.






Depois vem "Magnificent", que lembra o próprio U2 em canções pré "Joshua Tree", só que mais maduro e mais alto astral.






Depois entramos na parte mais intimista do álbum, músicas longas, lentas e muito bem executadas. Começa com "Moment Of Surrender".






Depois ouvimos "Unknown Caller", que começa com o canto de passáros do hotel que o grupo utilizou, no Marrocos, como estúdio, não é por acaso que o ritmo tem algo de oriental.






Começamos a crescer novamente com "I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight", aquelas que, como diria o Cristiano, temos a impressão de já conhecer.




Então vem o primeiro single "Get On Your Boots", a primeira com um riff forte, para levantar da cadeira e sair dançando e fazendo "air guitar". Também tem um leve ritmo oriental no refrão.




Agora uma música digna das grandes bandas dos anos 70, "Stand Up Comedy", vejam este inusitado vídeo que encontrei.




Agora entramos na parte mais experimental, começando com "Fez-Being Born".




E passando por "White As Snow". Uma bela balada, que também tem um clima de 70's, para tocar no carro, pela estrada afora...




Então vem a grande candidata a segundo single da banda, "Breathe", sem comentários...




O álbum termina com "Cedars Of Lebanon". Grand finale, mais uma balada cheia de climas e sons eletrônicos, para viajar gostoso. Bon voyage...




A nova empreitada dos quatro rapazes de Dublin ainda trás grandes novidades, que comento oportunamente.

Abraço...

3 na massa

Para sacramentar o casamento entre Pernambuco e a música eletrônica, aquele sugerido pelo o Afonso na citação do Mundo Livre no post sobre o Morcheeba (“Computadores fazem arte?”), aqui vai o interessantíssimo som produzido pelo 3 na massa.

Pernambucano. Formado por dois integrantes da Nação Zumbi (Pupilo e Dengue) mais o produtor Rica Amabis. O projeto é a estonteante mistura declarada de música eletrônica com Serge Gainsbourg. Pra quem tirou um ponto de interrogação do bolso. Esse francês mucho louco e polêmico foi músico, compositor, ator e cineasta, ficou célebre também por seus relacionamentos amorosos, principalmente por seu envolvimento com Brigitte Bardot, pra quem tirou outro ponto de interrogação do outro bolso, estupefato pelo seu desconhecimento, vou dar mais uma ajudinha. Brigitte foi para muitos o símbolo sexual das décadas de 60 e 70, cantora e atriz, ela foi um dos estandartes da revolução cultural ocorrida na época. Serge Gainsbourg era um boêmio, um especialista em causar escândalo e em subverter a moral conservadora da época utilizando-se de uma via, talvez não tão escandalosa ou revolucionária hoje em dia, a sensualidade. Uma de suas estratégias era a de juntar uma linda mulher como Brigitte com canções e letras provocantes.

Tendo essa inspiração como norte, nossos três mosqueteiros intimaram um time de mulheres com M maiúsculo, cada qual desfilando charme e personalidade ao seu estilo. Leandra Leal, Céu e Pitty são algumas das que fazem parte da lista. Feito isso, somaram a sensualidade sensível delas com batidas eletrônicas na pitada certa para construir um disco delicioso. Obviamente com seus momentos de mais ou menos qualidade. Nada que me impeça de classificá-lo como um deleite recomendável. Um bom disco.

Vai aqui o disco e o vídeo sensacional de 'O seu lugar' com Thalma de Freitas. Nele está presente a mistura sensual de beleza, humor e fantasia que um riso sacana tem que ter para transitar no fio da navalha entre o excitante e o vulgar.







1 - Certeza (Leandra Leal)
2 - O Seu Lugar (Thalma de Freitas)
3 - Doce Guia (CéU)
4 - Tatuí (Karine Carvalho)
5 - Estrondo (Geanino)
6 - Lágrimas Pretas (Pitty)
7 - Pecadora (Simone Spoladore)
8 - O Objeto (Nina Becker)
9 - Quente Como Asfalto (Cyz)
10 - Morada Boa (Nina Miranda)
11 - Certa Noite (Karina Falcão)
12 - Sem Fôlego (Lurdes da Luz)
13 - Tarde Demais (Alice Braga)


(Não me responsabilizo pelo conteúdo dos links ou pela escolha pelo pirata ou pelo oficial, isso fica a seu critério, sugiro apenas a degustação da obra de arte abaixo, para embasar sua decisão sugiro os primeiros posts sobre pirataria aqui mesmo no las mamas estupendas)


pra baixar (fonte: blog so pedrada: sopedrada.blogspot.com)


pra comprar

Quem vai tocar no baile da melhor idade? (ou o chiclete que você mastiga)


QUEM VAI TOCAR NO BAILE DA TERCEIRA IDADE? (OU O CHICLETE QUE VOCÊ MASTIGA)
(Nando)

Vou expor em poucas palavras como se passa minha vida
Daqui para o desde sempre:
Fumo, mas não trago.
Poderia ser danoso demais.
Bebo, mas não me embriago.
Cada gole é precisamente controlado.
Amor? Ah! O amor... Tolero-o apenas pausadamente.
Antes que se configurem grandes intervalos de tempo.
Assim não perco as possibilidades que um novo arranjo contingencial pode trazer.
Ensaio? Ensaio para o show que nunca chega.
Cada momento configura-se um eterno backstage.
Fantasio o clamor da platéia, a passagem pelo nervosismo inicial e o apogeu suado em luzes de neon.
Pequenas redenções imaginárias. Disso é feito o meu prazer.
Disso e de chiclete.

Logo, logo, meu arrombo adolescente transforma-se em projeto consistente e depois em crise de meia idade, por fim, torna-se saudosismo idoso, seco e enrugado.

Assim se passa minha vida.
Daqui para o desde sempre.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Moinho de pensamentos livres intangíveis



Uma estranha manhã, o sol toca em minha face, não como um tocar constante, mais como um fraco peteleco que se repete, no ritmo com o qual as persianas se balançam levadas pelo vento. Que se repete e se repete. Sua insistência é o que me laça do vão inconsciente e me leva ao primeiro raio de pensamento fisgado pela minha ainda preguiçosa percepção. O primeiro suspiro de realidade após um profundo mergulho no impalpável mundo dos sonhos.

Inauguro aqui, nessa segunda de manhã, um espaço destinado a essa fascinante fronteira entre o explicável e o inexplicável. O espaço no meio. Onde pensamentos livres se aglutinam por um indeterminado período e se dissipam naturalmente em busca de novas associações perdidas por ai.

domingo, 5 de abril de 2009

Redução de Danos

Estive outro dia em uma palestra promovida pelo Conselho Regional de Psicologia sobre a redução de danos como estratégia para abordagem no tratamento de usuários e dependentes de drogas. Bom, pra quem não sabe, redução de danos é uma estratégia que não exige necessariamente o controle do consumo da droga para o tratamento. O exemplo célebre e polêmico do seu surgimento foi a distribuição de seringas para usuários de drogas injetáveis como forma de evitar a disseminação do vírus da AIDS pelo compartilhamento das mesmas.Um dos palestrantes do evento foi o presidente da Associação Brasileira de Redutores e Redutoras de Danos, Domiciano Siqueira.


Domiciano Siqueira



Foi dele o discurso mais sóbrio do evento. Chamou minha atenção uma de suas primeiras afirmações: "Está na hora de discutir o prazer que as drogas causam". Na distribuição de seringas estava em jogo a prevenção de uma doença incurável e, mesmo polêmico moralmente e recebendo grandes críticas e protestos da sociedade civil, por isso foi aceito como uma prática pública. Agora, outras práticas, como por exemplo a orientação aos usuários, para que utilizem a droga de maneira menos danosa são execradas pela opinião pública e impedem investimentos do poder público em uma prática prevista no estatuto do SUS. Vide o exemplo da parada gay de São Paulo que impediu a distribuição de panfletos com orientações para usuários de cocaína porque a polícia considerou isso apologia às drogas. A verdade é que as drogas sempre ocuparam um papel importante no funcionamento da sociedade e através dos tempos foram assimiladas pelo discurso cultural de formas muito diferentes. Eu, enquanto psicanalista, acho louvável iniciativas como essa pelo simples fato de tratar o consumo de drogas como algo humano e não como um comportamento marginal e anormal, uma patologia, para utilizar o discurso médico como legitimação de uma segregação da sociedade. Vai aqui o link para o site da ABORDA que traz várias orientações para usuários e todos aqueles que tem qualquer relação com o consumo ou com os consumidores de drogas, inclusive as legais como álcool e tabaco, sugiro a sessão cuidados de si. Além disso, vai o Bob Marley, em um dos seus discos que eu mais gosto e que tem uma das guitarras mais bonitas da música pop (Concrete Jungle), para ilustrar um pouco o que estou dizendo aqui.

site da ABORDA
http://www.abordabrasil.org/



Bob Marley - Catch a Fire
(Não me responsabilizo pelo conteúdo dos links ou pela escolha do pirata ou do oficial, isso fica a seu critério, sugiro apenas a degustação da obra de arte abaixo, para embasar sua decisão sugiro os primeiros posts sobre pirataria aqui mesmo no las mamas estupendas)


Pra baixar (fonte: http://pencadediscos.blogspot.com)

Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 1 (jamaicano)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 2 (jamaicano)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 1 (inglês)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 2 (inglês)


Pra comprar (sugestão, fica a seu critério escolher a loja)

http://compare.buscape.com.br/procura?id=2921&raiz=2921&kw=Bob+Marley+-+Catch+A+Fire+(1973)

sábado, 4 de abril de 2009

ESPAÇO EM BRANCO

Este espaço foi deixado em branco, propositadamente, pois o Cristiano deveria publicar um post quinta-feira 02/04/09, estamos aguardando...