terça-feira, 21 de dezembro de 2010

De las pelotas - quando se faz o balanço final das voltas de las pelotas em 2010

Ao final de mais uma volta do planeta em torno do sol, volto para falar da temporada que termina. Um outro ano que acaba mais uma vez com o trabalhador Muricy Ramalho campeão nacional com um time que pouco encantou, mas que foi regular o suficiente para pontuar em quase todas as partidas, um sistema defensivo impecavelmente montado com zagueiros de qualidade técnica discutível, volantes trabalhadores e marcadores por natureza, um Conca encantado e atacantes esforçados que ás vezes mais atrapalharam do que ajudaram.
Cruzeiro, Corinthians e Grêmio, apontados por este modesto e esporádico colunista virtual como favoritos ao título terminaram nesta ordem como perseguidores daqueles que jogaram ao lado de Conca com a camisa tricolor. Foi um pouco assim também em 2007, quando o time celeste jogava um futebol encantador, comandado pelo agora galináceo Dorival Junior, que entendo como responsável pela remontagem de um meio-campo que mais uma vez se mostra o melhor do Brasil, quando juntou Ramirez, Charles, Leandro Domingues e Wagner. O mesmo que em 2008, modificado para melhor pelo dito insano Adilson, também desempenhou o futebol mais encantador, porém sucumbiu ao trabalho e dedicação tática dos tricolores paulistas comandados coincidentemente por Muricy.
O ano termina também com o Barcelona encantando e cada vez mais parecido com um time de playstation. É simplesmente lindo assitir a Xavi, Iniesta, Dani Alvez, Messi, Pedro e Villa jogar, até os zagueiros são jogadores diferenciados, que tratam a bola com cuidado, de cabeça erguida e procurando o passe mais simples e curto a se fazer. Assisti emocionado a goleada aplicada nos merengues madrinistas comandados por Mourinho e estigmatizado na imagem de Cristiano Ronaldo. O comandante português terá que convencer o comandado compatriota a jogar pelo time e não para aparecer esbelto na imagem HD das televisões mundiais. Terá que aprender com seu desafeto sir Alex Ferguson que conseguiu fazer o garoto prodígio lusitano trabalhar em equipe e ser responsável por um dos maiores times europeus da década.
Falando em times europeus, o início de 2011 será época de grandes confrontos na disputa do título mais importante do mundo futebolístico de clubes. O Arsenal se reencontra com o Barça para mais um confronto espetacular, muitos preveem uma goleada catalã, eu não sei se será essa mamata toda, os gunners são um dos poucos times do mundo que podem desempenhar um futebol do mesmo padrão dos espanhóis, acho também que o talento e a magia de Messi e cia triunfará mais uma vez, porém é jogo jogado e dependerá muito do confronto na Inglaterra.
O Real se encontra de novo com a pedra no sapato francesa chamada Olympique Lyon, que o desclassificou na mesma fase na Champions passada e será um baita desafio para o dito, principalmente pelo próprio, melhor técnico do mundo. Acho que a volta de Kaká ao time será o diferencial que a equipe precisa para voltar a habitar confrontos de acordo com o seu tamanho e tradição. Os italianos Inter, Milan e Roma pagarão caro por terem se classificado em 2º nos seus respectivos grupos, os atuais campeões europeus e também agora mundiais, depois de desbancar o todo poderoso Mazembe, terão que vencer os alemães de Munique, atuais vice-campeões europeus e com a base da seleção que encantou em territórios africanos. O Milan de Robinho e Imbrahimovic, e cada vez menos de Ronaldinho Gaúcho, terá que vencer os londrinos do Tottenham, que descobriram um ponta esquerdo chamado Bale, que deu um baile em Maicon na primeira fase e a Roma enfrentará os ucranianos do Shakhtar Donetsk, que se classificaram em primeiro lugar no grupo do Arsenal e vêm jogando muita bola com um quarteto ofensivo formado pelos brasileiros Douglas Costa, Jadson, Willian e Luiz Adriano.
Os ingleses sempre favoritos Chelsea e Manchester enfrentarão oponentes condizentes com suas campanhas perto da perfeição na primeira fase, os londrinos encaram o azarão Copenhagen e os garotos invictos de Manchester terão que passar dos franceses do Marselhe.
Em um balanço final não poderiam faltar as seleções do ano. Primeiro a mundial, Julio César - Dani Alvez, Piquet, Puyol e Marcelo - Xavi, Iniesta e Özil - Messi, Eto'o e Villa. Agora a nacional: Fábio - Mariano, Léo, Gum e Carlinhos - Henrique, Fabrício, Conca, Ganso e Montillo - Jonas.
Melhores do ano: Xavi e Conca
Como a década também está terminando decidi fazer seleções dos últimos 10 anos. Mundial: Dida, Cafu, Nesta, Puyol e Roberto Carlos - Gerrard, Xavi e Zidane - Messi, Kaká e Ronaldo. Nacional: Rogério Ceni - Cicinho, Edu Dracena, Miranda e Kléber - Maldonado, Elano e Alex - Robinho, Deivid e Tévez.
Pra terminar a seleção celeste da última década: Fábio - Jonathan, Edu Dracena, Cris e Sorín - Maldonado, Fabrício, Ramirez e Alex - Aristizabal e Fred.
Um abraço a todos os que acompanham o de las pelotas e até a próxima aparição esporádica.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De las pelotas – do retorno, após um fim de semana conturbado



Depois de um tenebroso inverno ocasionado por motivos diversos, incluindo a derrota brasileira na African Safari Cup, ocasionada principalmente pelo distúrbio mental e midiático da comissão técnica e dos jogadores; o fechamento do templo sagrado chamado Mineirão que transformou os times de BH em equipes itinerantes; o conturbado primeiro semestre cruzeirense; e o inferno astral, macumba brava, pelo qual passou o Glorioso do lado negro da lagoa, volto a despejar minhas humildes interpretações futebolísticas, neste empoeirado, porém celebre canal digital de opinião.

Pra começar queria dizer que respeito muito os Gloriosos Campeões do Gelo e que não sou adepto do escárnio em momentos de decepção clubística afetiva. Torço para o Cruzeiro desde que me entendo por gente e sou daqueles que prefiro ver meu time campeão a ver o rival rebaixado. Me sinto tranqüilo em dizer isso, pois desde o inicio alertei os riscos que o Pôjeto do Pofexô Luxemburgo oferecia e que mesmo campeão mineiro, em um campeonato que os jogadores dos azuis claramente entregaram, pela insatisfação de relegados a reserva pelo comandante Adílson, passaria dificuldades no nacional por ter desmontado toda a base, mesmo que não tão sólida, deixada pelo perseguido Celso Roth, 7º lugar do Brasileiro de 2009. Enfim, Dorival Junior vem se provando claramente um técnico, primeiramente corajoso, por ter assumido um compromisso deste quilate e tecnicamente capaz de estabilizar a casa da mãe Joana que vem sendo o Atlético do impagável Alexandre Kalil. Porém, me mantendo imune ao otimismo dos loucos atleticanos, ainda não se tornou um time maravilhoso, só vi ainda um time mais organizado e seguro pra errar e acertar, o que nos certames nacionais faz muita diferença. Como provou o Clássico, digno de letra maiúscula, de ontem, no Parque do Sábia.

Dorival Júnior, que em seu último Cruzeiro e Atlético tinha saído vitorioso por 4 a 3, pelo lado azul, em um jogo não menos memorável que o de ontem, conseguiu a façanha de enfrentar de igual pra igual o agora vice líder nacional batendo forte nos principais pontos fracos cruzeirenses, atrás da ontem displicente linha de volantes e abusando da fraca marcação dos laterais celestes, que ou estão fora de forma ou desmotivados demais pra serem campeões brasileiros. Enfim, o que mais me chamou atenção do primeiro tempo da partida nem foram os incríveis três gols da exótica figura chamada Obina, o adjetivo incrível usado pra salientar a inexistência da crença anterior desta possibilidade de acontecimento, mas foi a postura de “somos muito melhores que esses caras de preto e branco” demonstrada pelos azuis em um jogo que era fundamental na busca do título, postura que me fez lembrar os tempos de Paulo Autuori e Fábio de costas, quando os celestes tiveram não só a última derrota jogando titulares contra titulares em um clássico, mas talvez a última humilhação pública de sua história recente. Humilhação que quase se repetiu ontem, não fosse a valentia do veterano Gilberto que quando entrou deu mais confiança ao time, depois da patética cobrança de pênalti executada pelo camisa 10 da equipe e o seguido terceiro gol atleticano, conseqüência clara do baque psicológico ocasionado pela cavadinha maldita.

No final da história fica o fato de que os galináceos ganharam força suficiente pra não só saírem ilesos da briga contra o rebaixamento, como também capazes de sonhar em vencer a verdadeira briga de galo que terão contra o Palmeiras de Kléber e Scolari pela sul americana e contrariar a tendência a fracassos que segue a equipe em torneios eliminatórios. Aos celestes fica mais uma vez a lição de que jogando da maneira displicente e apática que entraram em uma partida de tamanha importância, como a de ontem, não serão campeões de coisa alguma.

Divagações finais

Entre Adilson e Cuca o melhor é o Dorival? Jonathan, será que as vaias do Mineirão estão fazendo falta? Depois de um ano como este, seria justo Atlético, Palmeiras, Goiás ou Avaí jogarem a Libertadores de 2011? Não é irônico um pênalti displicente do craque da equipe adversária favorecer Dorival Junior?

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Delírios visuais a partir de um palito, em uma mesa de bar















Pequena série de experimentos visuais, regados a cerveja e cigarros.












































sábado, 31 de julho de 2010

De las pelotas - quando se fala de reformulações e paciência


Confesso que não assisti a semi-final sulamericana entre dois gigantes do futebol brasileiro. No horário estava a tomar uma cerveja depois de mais um ensaio com o DEZ é NOVE, o digníssimo trio musical do qual faço parte. No entanto, sei que não perdi muito. Ao analisar os melhores momentos da partida, exclusivos dos colorados, sei que foi mais uma partida na qual o dito "maior clube brasileiro" se acovardou frente a um time que jogou futebol de maneira eficiente, organizada, corajosa e ofensiva.
Na fase anterior, a estratégia de se fechar no gramado recém retirado do Gigante da Pampulha, deu certo, pela ineficiência dos atacantes celestes para finalizar. Kléber, Thiago Ribeiro e cia limitada perderam um caminhão de gols. Ok, os contra-ataques tricolores foram mortais e os dois gols, não marcados, mas assinados por Fernandão, aconteceram em momentos fundamentais da partida. Mas é fato que os ainda comandados por Adilson Batista mereciam melhor sorte naquela noite. Assim como mereciam disputar uma vaga com os colorados, que enfim conseguiram montar um grande time, mais que isso um forte elenco e grande candidato a conquista da América, assim como certamente disputará bravamente o título nacional.
Com todo o respeito, mas o São Paulo investiu bastante para esta temporada, assim como na temporada anterior, contratou os principais jogadores que se destacaram no país e trouxe bons jogadores que estavam no futebol europeu e ainda sonhavam em vestir a camisa canarinha. Enfim, formou um grupo com jogadores almejados por todos os grandes times brasileiros e acaba com um time medroso como este. Jogadores insatisfeitos e acomodados que não se identificam e por isso não se empenham pelo time. Podem até conseguir a reviravolta em seus dominios, mas não acredito. Seria necessária uma mudança drástica na maneira de jogar da equipe, é pouco o tempo. É certo que no futebol acontecem coisas inesperadas. Árbitros amigáveis. Uma expulsão ou um gol fortuito no início da partida podem mudar muita coisa. A ver.
O Internacional é um bom exemplo de como a formação de um time, independente dos recursos financeiros disponíveis, é uma tarefa complexa e que exige da coordenação e diretoria técnica-administrativa do clube inteligência, precisão na avaliação de dados e resultados, competência para interferir no projeto sempre que necessário e, talvez o mais importante, paciência.
Esse grupo colorado, que ainda não ganhou nada, mas vem mostrando o melhor futebol em territórios nacionais, desde o término da Copa do Mundo, começou a ser formado há pelo menos duas temporadas. Os jogadores promissores formados no clube tiveram tempo para ganhar confiança e o respeito do grupo, as contratações, mesmo que não tenham dado resultados imediatos, foram mantidos no elenco para se tornarem fundamentais com o passar do tempo. E contratações cirúrgicas foram feitas pra aprimorar o elenco e torná-lo candidato a títulos. Vale de lição para todos os times que terão que passar por um processo de renovação durante a competição nacional.
A incompetência em formar o time em seis meses de temporada e mais de um mês de paralisação, não pode ser compensada com a contratação de jogadores a granel e a simples destruição do que foi feito até o momento. Cito um exemplo em contra-posição ao Inter, o glorioso Clube Atlético Mineiro e seu manda-chuva, pofexô Luxemburgo. O Todo Poderoso mais uma vez recebeu de um grande time brasileiro, mesmo que decadente, a carta branca pra fazer o que bem desejar. Contratar quem bem entender, mandar embora quem ele quiser. Até o momento, seu grande time está com as pernas atoladas na zona de rebaixamento, na penúltima posição do campeonato. Mas tudo bem, pra ele o trabalho vem sendo feito e não existe nem sombra de preocupação. O time ainda tem chances de ser campeão. Os principais reforços ainda estão fora de forma e quando esse time ficar pronto sai de baixo, vai destruir todos seus adversários e enfim fazer uma das mais sofridas torcidas do mundo feliz novamente, novamente? Os amigos atleticanos podem até acreditar nesse papinho furado, mas eu duvido viu. A história foi bem parecida nos dois últimos clubes que o técnico passou. Promessas de glórias esquecidas, formação de um time incrível, contratação de jogadores "promissores" e apostas em retornados da Europa, ainda ganhando salários europeus. O que ficou no final, nos dois casos, foi um elenco cheio de jogadores mais ou menos, dividas exorbitantes e a necessidade de renovação rondando o clube novamente. O Santos se salvou pelo surgimento de jovens valores, melhores que a grande maioria dos jogadores que atuam em gramados nacionais e aposta nos meninos a possibilidade de salvação técnica e financeira. Já o Palmeiras, ainda não conseguiu se recuperar. O tempo dirá o que vai acontecer na Cidade do Galo.
Não poderia falar em reconstrução de elenco e não analisar a situação dos celestes, agora comandados por Cuca. Nada mudou ainda, ou o que mudou ainda não deu resultado. O time se encontra ainda na parte de cima da tabela pelo bom desempenho que teve na fase pré-Copa, ainda com o técnico que montou este grupo e disputando paralelamente a Libertadores. O atual treinador ainda está tentando conhecer o grupo de jogadores que tem a sua disposição, conseguiu alguns resultados importantes, mesmo com muitos problemas de lesões. Amanhã, tem uma prova de fogo no clássico mineiro, jogo que definirá o sentimento dos exigentes e chatos torcedores celestes em relação a seu trabalho.
Será definitivamente o clássico mais equilibrado dos últimos tempos, a necessidade de vitória dos campeões do gelo e o ambiente exclusivamente atleticano serão fatores de pressão para o elenco estrelado. Uma vitória na partida de hoje provará que os cruzeirenses podem esperar algo de diferente do treinador e que o grupo de jogadores é capaz de enfrentar a maratona do brasileiro e conquistar ao menos uma vaga para a Libertadores do ano que vem, que seria a quarta seguida. Um empate será ruim para as duas equipes, que verão seus objetivos para a temporada se distanciarem ainda mais e uma vitória preta e branca significará um novo folego para os atleticanos tentarem participar de disputas proporcionais ao tamanho do investimento feito até agora. A ver.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

de las pelotas - quando se fala dos finalmente e da vitória de los rojos e do pequeno camisa 6




Os espanhóis, liderados pelo sotaque catalão conquistaram a glória do título mais badalado pelas seleções mundiais. Jogo paciente de contenção extrema de posse de bola e toques curtos e objetivos, aliados a constante movimentação e a incansável busca pela bola quando a posse é do adversário. Esses são os elementos base da criação de uma equipe que não corre risco, pois utiliza a melhor arma para aquele que sabe jogar bola, a técnica quando se tem a bola e a dedicação à retomada da bola quando não se tem a dita cuja. Outro fator característico de los rojos, como são chamados os mais recentes campeões mundiais pelos fanáticos espanhóis, e talvez aquele que tenha sido um dos mais decisivos para o título, é o jogar futebol de maneira limpa, dura, guerreira, raçuda, porém leal, na regra do jogo.
Dias antes da decisão da Safari Cup assisti a mais um fenomenal vídeo documental da ESPN, tratava de jogadores que marcaram um gol em uma final de Copa do Mundo. Especial a narrativa do documentário, intercalando os depoimentos das experiências individuais de cada um dos heróis e as imagens históricas que marcaram os momentos especiais dos mundiais. Iniesta entrou para esta prezada e seleta galeria, ao lado de Pelé, Ronaldo, Maradona, Zidane e por aí vai. Um novo integrante respeitável, sou fã incondicional deste pequeno camisa 6 da seleção espanhola e camisa 8 do querido Barça, matriz inspiradora para a seleção mais vitoriosa da história futebolística espanhola e uma brava sobrevivente do futebol técnico, solto e quase intransponível defensivamente, pois caça a bola a todos os momentos e tem zagueiros que unem concentração, força, explosão, inteligência e velocidade. Puyol e Piquet, a melhor dupla de zaga que se apresentou em gramados africanos a frente do melhor goleiro, o fundamental Casillas, que se fosse goleiro dos azul grenás da Cataluña seriam bem mais vencedores tanto o time, quanto o arqueiro.
Aos holandeses, um parágrafo de silêncio pela declarada morte do futebol total ........................................................................................................................................................................
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Ao árbitro inglês, uma pergunta, se pisar no peito do adversário com as travas da chuteira não é pra expulsão, o que um jogador precisa fazer pra ser expulso? Ser mais burro que o juiz?
A FIFA, parabéns pela escolha de Forlan como melhor jogador da African Safari Cup, merecedor por seu talento e espírito de liderança que inspirou seus companheiros uruguaios a chegarem até os últimos 4. Assim como pela escolha de Muller como revelação e de Casillas como melhor goleiro.
Ao Dunga, um até nunca mais seu chato de galocha.
Ao Galvão, pra quê esperar até depois da Copa no Brasil pra se aposentar? CALA A BOCA LOGO GALVÃO!!!
Aos seguidores do de las pelotas um até mais ver, até quando voltaremos às vacas frias do Brasileiro disputado nos certames nacionais e, principalmente nos gramados setelagoanos e as fases finais da Copa do Brasil e Libertadores.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

De las pelotas – do caos, da ordem e do indispensável meio termo


Então, a African Safari Cup acabou para nós canarinhos. Terminou também, porém com requintes de crueldade, para nuestros hermanos argentinos. Simplesmente atropelados pela consistência e objetividade germânica. Os valentes e retranqueiros paraguaios caíram frente a paciente fúria espanhola, que mesmo jogando sem centro-avante, Torres tem sido um jogador a menos, dominou todas as partidas que jogou em campos africanos. Merecia estar na semi-final. Merecia enfrentar a Alemanha e protagonizar esta partida que definitivamente será uma daquelas que se separam como inesquecíveis na história dos mundiais. Ontem, caiu o último dos sul-americanos, que dominaram a Copa até restarem oito sobreviventes, mas terão de assistir a mais uma final européia.

Digo isso, pois essa era a Copa de desempate entre europeus e americanos. 9 a 9. Agora, independentemente de quem seja o Campeão, esse será um europeu. E, honestamente, acho justo. Realmente os três representantes do antigo continente jogaram um futebol não só mais organizado e competitivo, como também jogaram de uma maneira mais solta e corajosa. Parece que estão mais próximos do equilíbrio entre o se defender com firmeza e constância e o ter a bola no pé mais que seu adversário, mirando o gol sempre que surge alguma oportunidade.

Analisando de cabeça fria, Dunga e seus comandados pagaram pela teimosia, por sua inexperiência e a extrema necessidade de dar ordem a um estilo futebolístico que sempre foi especial justamente por sua “desorganização”. Explico, o lance escolhido pela Fifa como o maior da história das Copas ilustra bem como funciona essa desordem inteligente, que tanto tem a ver com o que sintetiza um brasileiro jogando bola. O camisa nove do time, Tostão, que por sinal não era o centro-avante, toma a bola de um italiano na lateral esquerda do campo de defesa brasileiro, toca para Clodoaldo, o volante do time, que pressionado em seu campo na saída de bola dribla três adversários como se estivesse jogando uma pelada em seu sítio e inicia a troca de passes, até a bola cair nos pés de Pelé na entrada da área e dos majestosos pés sair até encontrar a bomba de Carlos Alberto que entrava livre pela direita da área. Ali, em gramados mexicanos, foi dada uma das melhores aulas de como ser Campeão do Mundo jogando bola de maneira corajosa, competitiva e vencedora.

Voltando ao Dunga, considero que seu trabalho de renovação da seleção após o fiasco de 2006 deve ser louvado, sem dúvida os que jogaram pelos canarinhos em gramados africanos jogaram com mais empenho e vontade de vitória e o time evoluiu de maneira consistente no decorrer de três anos de trabalho. O problema começou depois da vitória da Copa das Confederações e a classificação em primeiro nas eliminatórias. A partir do final de 2009, o projeto de ser campeão do mundo começou a ruir. Escassos amistosos contra seleções de representação quase nula. Quase nenhuma aparição pública do técnico, entrevistas, audiência a jogos importantes de competições européias ou nacionais. Enfim, reclusão e blindagem de um grupo que pra ele já estava pronto. Deu no que deu. Fechou os olhos pra temporada pífia de Doni, Julio Batista, Grafite, Felipe Melo, Kleberson, Josué, Luis Fabiano e Kaká. Fechou os olhos também para talentos que poderiam ser muito mais úteis ao longo da disputa, tais como Carlos Eduardo, Lucas, Hernanes, Pato, Paulo Henrique, Uéslei, Elias, Henrique e outros mais. Enfim, se tivesse continuado seu trabalho de evolução do time teria um time bem mais competitivo. Resta assistir a fase final da Copa e tentar reaprender com os europeus como se joga bola.

Pra entender um pouco mais do que tentei dizer vale a visita a dois links que pra mim explicaram bem porque perdemos. Os dois vêm da família Kfouri.

http://blogs.lancenet.com.br/andrekfouri/category/coluna-dominical/

http://blogdojuca.uol.com.br/2010/07/5-de-julho-de-1982-estadio-sarria/

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

De las pelotas – quando se fala da Jabubola e demais devaneios futebolíscos


Terminado o primeiro circuito do African Safari Cup retorno pra discorrer um pouco a respeito do rolar da Jabulani. Por falar nela, tenho uma exótica teoria a respeito dos mal tratos que a danada sofreu pelos aclamados peladeiros mundiais.

As estampas em estilo africano da bola seguem a estética conceitual que é perceptível desde a arquitetura dos estádios até a logomarca do evento. Em síntese, pra não me delongar nas teorias de design, a assimetria é uma característica fundamental. Voltando a dita cuja, as estampas seguem um padrão triangular irregular assimétrico e a disposição dos padrões também seguem uma disposição diferenciada. Isso gera uma ilusão de ótica de que a bola gira de forma irregular. É claro que a pelota funciona fisicamente diferente das outras, mas justamente por ser perfeita demais. A tecnologia sem costuras que a Adidas desenvolveu especialmente para o evento consegue atingir uma performance aerodinâmica nunca antes atingida, justamente por ser uma circunferência perfeita, sem os rebaixos que as costuras impunham. Lógico que só jogando com a tal jabubola conseguiria comprovar ou não essa teoria estranha. A saber. Mas pra mim se trata do futuro mais uma vez batendo na porta e as pessoas perguntando quem é.

Sem mais delongas estéticas, falemos dos canarinhos que venceram na estréia sem correr riscos contra os secretos e limitados soldadinhos de chumbo ninja koreanos. A primeira etapa do embate valeu pela imagem HD da digníssima TV de meu amigo Hugo. Começamos pela transmissão da Globo com o protagonista da campanha CALA A BOCA GALVÃO. Te dizer que cansa viu. O discurso ufanista do glorioso eterno global é difícil de agüentar durante 90 minutos. Ainda mais quando a cada bloco de intervalo aparece a assustadora figura do Faustão esquelético de cara gorda. Segunda etapa, optamos pela Bandeirantes HD e o saudoso Luciano do Vale e seus constantes equívocos de narração. Gilberto Silva vira Ramires, Nilmar vira, Kaká, mesmo o Kaká estando já no banco, tendo sido substituído pelo... Nilmar. Hahaha. Muito bom. Gosto demais da escolha editorial da band, popular mesmo e orgulho de ser. A Renata Love Fan tomando conta do bando, o chato do Milton Neves enchendo o saco e o Mano Neto com sua voz caótica de mesa de buteco, mas que às vezes é a única lucidez do pedaço. O melhor é a mesa redonda composta por nada mais, nada menos que Emerson, Denílson e Edmundo, só faltou o Marcelinho carioca e uma bomba caindo no estúdio. Vale lembrar que o Dunga foi comentarista da Band na Copa da Alemanha, quem sabe sai dessa roda ai o próximo técnico da seleção.

De volta ao embate entre os canarinhos e os soldadinhos de chumbo ninja koreanos, gostei da participação do imparável direito Maicon, realmente gosto de vê-lo com a camisa da seleção, o sentimento de satisfação transparente em suas atitudes dentro de campo. Ataca sempre pensando no gol, mesmo quando está na linha de fundo e milhões de koreanos na área. De fato o melhor lateral do mundo. O imaginei na entrevista final da partida mandando um beijo pros chatos dos cruzeirenses que o vaiavam quando mesmo jovem era um dos destaques do time mineiro no utópico ano de 2003. Sempre gosto de ver também o Juan jogar, cirúrgico em seus desarmes, sempre atento ao jogo. É a dedicação e o talento em pessoa, podia fácil ser volante. O Robinho foi o malandro de sempre quando veste a amarelinha, verdadeiro representante do Mulecagem Futebol Clube, que tem como capitão eterno o saudoso Mané das pernas tortas. Confesso que Elano e Felipe Melo queimaram um pouco minha língua com suas participações na estréia. O volante foi de longe quem mais desarmou no time brasileiro e o aniversariante Elano deu a assistência para o gol de Maicon e marcou o segundo após receber um presente de seu camarada Robinho.

Kaká e Luis Fabiano são casos que gostaria de tratar separadamente.

O artilheiro Fabuloso me parece nervoso e ansioso pra marcar seu primeiro tento e isto tem o atrapalhado. Se bem que deve ser fácil se irritar rodeado de formiguinhas koreanas subindo em suas pernas. Mas, sem dúvida, será importantíssimo para a seqüência dos Canarinhos no African Safari Cup. Já o escolhido a carregar a histórica pesada e idolatrada camisa 10 maior do futebol mundial merece paciência. Participou bastante do jogo ontem, mesmo que ainda visivelmente sem ritmo de jogo, merecendo sempre a atenção de pelo menos três defensores adversários. Não é a toa que quando Nilmar entrou em campo ficou muito mais no mano a mano do que Kaká. O sistema defensivo koreano se adaptou a situação sem o camisa 8 do Real Madrid e liberou alguns de seus soldadinhos para participar mais do jogo e pôde aproveitar a desatenção da zaga brasileira e marcar seu primeiro gol na Copa. Confio bastante em Kaká, é o tipo de jogador que aparece em jogos maiores. Suas arrancadas salvadoras ainda irão aparecer no torneio e espero que seja no momento de maior necessidade.

No mais, ainda é cedo para dizer a respeito de favoritos e coisa e tal. Estréias são sempre difíceis e as segundas partidas geralmente dizem mais do que será cada seleção na Copa. Vale sim dizer que a Alemanha vem forte, com um time renovado e um técnico que teve a experiência de ser eliminado da Copa passada como assistente técnico dos bávaros. Vão dar trabalho. A Argentina se mostrou forte e confiante e com o Messi inspirado e querendo jogo. No entanto, Verón se mostrou desatento e desmotivado, responsável pela cobertura das subidas do meia esquerda Jonas Gutierrez que na cabeça doentia de Maradona virou o lateral direito de seu time. A Espanha tem realmente um time recheado de talento, tem uma filosofia de jogo de posse de bola e passes curtos e rápidos, mas mesmo assim parou na muralha suíça e ainda por cima tomou um contra-ataque inimaginável e perdeu o jogo. Verdade que não teve Fernando Torres na primeira etapa e que mesmo quando entrou se mostrou ainda fora de forma e sem ritmo de jogo. Mas uma diferença entre o time que estreou e o que foi campeão europeu há dois anos me chamou atenção em especial. A formação do meio-campo sem Marcos Senna já não deu certo na Copa das Confederações e não deu certo de novo na estréia. Exímio carregador de piano, o capitão da atual campeã européia faz falta. Digo isso não por sua técnica que não é nada demais, mas sim por sua atitude dentro de campo e o papel de liderança motivadora. Xabi Alonzo não é mais o mesmo guerreiro dos tempos de Liverpool. Parece que o retorno para o maior time da Espanha Madrilenã fez mal ao volante corajoso e bom de bola. Virou mais um da turma do Raúl, daqueles que se acham os melhores do mundo. A humildade brasileira representada por Marcos Senna fará falta.

A casa caiu


Salve, simpatia!
Estamos aí. Depois da ansiedade da estréia e do jogo sonífero (acorda, Tisca!)

A casa caiu no Rio. A polícia desbancou a "gatonet". Isso aí. A empresa de ligações clandestinas de tv e internet via cabo tinha mais de 30.000 assinantes em toda baixada fluminense e vendia seus pacotes por 30 Reais. É impressionante a vocação do Rio no estabelecimento de poderes paralelos. O maior castigo agora vai ser todo mundo acompanhar a copa na Globo. Aí é de doer. Cala a boca, Galvão!!!

A prefeitura de São Paulo fechou o cerco contra os tabuleiros de acarajé ambulantes. A fiscalização tem batido pesado. As baianas queixam-se da falta de oportunidade. Enquanto são perseguidas, assistem à crescente legalização das barraquinhas de hot dog. Alegam que seus tabuleiros são tombados pelo IPHAN como patrimônio cultural brasileiro. A ABAM - Associação das baianas de acarajé, mingau, receptivo e similares do Estado da Bahia (isso que eu chamo de especificidade representativa) já começou a protestar. E você prefere a azia do acarajé ou do hot dog. Será essa uma escolha política?

Fiquei preocupado essa semana. A Marina disse que quer ser a primeira negra presidente. A Dilma a primeira mulher. E o Serra? O que sobrou pra ele? Primeiro vampiro presidente?

Agora a notícia mais importante da semana. Geisy Arruda, aquela ex-aluna da Uniban que foi notícia pela incompatibilidade dos seus trajes com a maturidade de seus colegas de faculdade. Lembram dela? Pois então, ela vai lançar sua biografia!!! A promessa é de um livro quente. Cheio de história picantes que irão revelar se ela merecia a "má fama" que lhe imputaram, assim o livro tem sido divulgado. Fala sério! Será que alguém realmente tem curiosidade de saber sobre a vida dela? Quais são os limites do celebrity way of life?

EXTRA! EXTRA!
Informação inútil de última hora em clima de World Safari Cup: por causa de seu pescoço comprido e rígido, as girafas possuem um sistema vascular especial, para que o fluxo sanguíneo chegue ao cérebro.

Viva as girafas!!! Viva a banalização da fama e do champagne!!! Viva o acarajé e a Bahia de todos os santos!!!