sábado, 31 de julho de 2010

De las pelotas - quando se fala de reformulações e paciência


Confesso que não assisti a semi-final sulamericana entre dois gigantes do futebol brasileiro. No horário estava a tomar uma cerveja depois de mais um ensaio com o DEZ é NOVE, o digníssimo trio musical do qual faço parte. No entanto, sei que não perdi muito. Ao analisar os melhores momentos da partida, exclusivos dos colorados, sei que foi mais uma partida na qual o dito "maior clube brasileiro" se acovardou frente a um time que jogou futebol de maneira eficiente, organizada, corajosa e ofensiva.
Na fase anterior, a estratégia de se fechar no gramado recém retirado do Gigante da Pampulha, deu certo, pela ineficiência dos atacantes celestes para finalizar. Kléber, Thiago Ribeiro e cia limitada perderam um caminhão de gols. Ok, os contra-ataques tricolores foram mortais e os dois gols, não marcados, mas assinados por Fernandão, aconteceram em momentos fundamentais da partida. Mas é fato que os ainda comandados por Adilson Batista mereciam melhor sorte naquela noite. Assim como mereciam disputar uma vaga com os colorados, que enfim conseguiram montar um grande time, mais que isso um forte elenco e grande candidato a conquista da América, assim como certamente disputará bravamente o título nacional.
Com todo o respeito, mas o São Paulo investiu bastante para esta temporada, assim como na temporada anterior, contratou os principais jogadores que se destacaram no país e trouxe bons jogadores que estavam no futebol europeu e ainda sonhavam em vestir a camisa canarinha. Enfim, formou um grupo com jogadores almejados por todos os grandes times brasileiros e acaba com um time medroso como este. Jogadores insatisfeitos e acomodados que não se identificam e por isso não se empenham pelo time. Podem até conseguir a reviravolta em seus dominios, mas não acredito. Seria necessária uma mudança drástica na maneira de jogar da equipe, é pouco o tempo. É certo que no futebol acontecem coisas inesperadas. Árbitros amigáveis. Uma expulsão ou um gol fortuito no início da partida podem mudar muita coisa. A ver.
O Internacional é um bom exemplo de como a formação de um time, independente dos recursos financeiros disponíveis, é uma tarefa complexa e que exige da coordenação e diretoria técnica-administrativa do clube inteligência, precisão na avaliação de dados e resultados, competência para interferir no projeto sempre que necessário e, talvez o mais importante, paciência.
Esse grupo colorado, que ainda não ganhou nada, mas vem mostrando o melhor futebol em territórios nacionais, desde o término da Copa do Mundo, começou a ser formado há pelo menos duas temporadas. Os jogadores promissores formados no clube tiveram tempo para ganhar confiança e o respeito do grupo, as contratações, mesmo que não tenham dado resultados imediatos, foram mantidos no elenco para se tornarem fundamentais com o passar do tempo. E contratações cirúrgicas foram feitas pra aprimorar o elenco e torná-lo candidato a títulos. Vale de lição para todos os times que terão que passar por um processo de renovação durante a competição nacional.
A incompetência em formar o time em seis meses de temporada e mais de um mês de paralisação, não pode ser compensada com a contratação de jogadores a granel e a simples destruição do que foi feito até o momento. Cito um exemplo em contra-posição ao Inter, o glorioso Clube Atlético Mineiro e seu manda-chuva, pofexô Luxemburgo. O Todo Poderoso mais uma vez recebeu de um grande time brasileiro, mesmo que decadente, a carta branca pra fazer o que bem desejar. Contratar quem bem entender, mandar embora quem ele quiser. Até o momento, seu grande time está com as pernas atoladas na zona de rebaixamento, na penúltima posição do campeonato. Mas tudo bem, pra ele o trabalho vem sendo feito e não existe nem sombra de preocupação. O time ainda tem chances de ser campeão. Os principais reforços ainda estão fora de forma e quando esse time ficar pronto sai de baixo, vai destruir todos seus adversários e enfim fazer uma das mais sofridas torcidas do mundo feliz novamente, novamente? Os amigos atleticanos podem até acreditar nesse papinho furado, mas eu duvido viu. A história foi bem parecida nos dois últimos clubes que o técnico passou. Promessas de glórias esquecidas, formação de um time incrível, contratação de jogadores "promissores" e apostas em retornados da Europa, ainda ganhando salários europeus. O que ficou no final, nos dois casos, foi um elenco cheio de jogadores mais ou menos, dividas exorbitantes e a necessidade de renovação rondando o clube novamente. O Santos se salvou pelo surgimento de jovens valores, melhores que a grande maioria dos jogadores que atuam em gramados nacionais e aposta nos meninos a possibilidade de salvação técnica e financeira. Já o Palmeiras, ainda não conseguiu se recuperar. O tempo dirá o que vai acontecer na Cidade do Galo.
Não poderia falar em reconstrução de elenco e não analisar a situação dos celestes, agora comandados por Cuca. Nada mudou ainda, ou o que mudou ainda não deu resultado. O time se encontra ainda na parte de cima da tabela pelo bom desempenho que teve na fase pré-Copa, ainda com o técnico que montou este grupo e disputando paralelamente a Libertadores. O atual treinador ainda está tentando conhecer o grupo de jogadores que tem a sua disposição, conseguiu alguns resultados importantes, mesmo com muitos problemas de lesões. Amanhã, tem uma prova de fogo no clássico mineiro, jogo que definirá o sentimento dos exigentes e chatos torcedores celestes em relação a seu trabalho.
Será definitivamente o clássico mais equilibrado dos últimos tempos, a necessidade de vitória dos campeões do gelo e o ambiente exclusivamente atleticano serão fatores de pressão para o elenco estrelado. Uma vitória na partida de hoje provará que os cruzeirenses podem esperar algo de diferente do treinador e que o grupo de jogadores é capaz de enfrentar a maratona do brasileiro e conquistar ao menos uma vaga para a Libertadores do ano que vem, que seria a quarta seguida. Um empate será ruim para as duas equipes, que verão seus objetivos para a temporada se distanciarem ainda mais e uma vitória preta e branca significará um novo folego para os atleticanos tentarem participar de disputas proporcionais ao tamanho do investimento feito até agora. A ver.



quarta-feira, 14 de julho de 2010

de las pelotas - quando se fala dos finalmente e da vitória de los rojos e do pequeno camisa 6




Os espanhóis, liderados pelo sotaque catalão conquistaram a glória do título mais badalado pelas seleções mundiais. Jogo paciente de contenção extrema de posse de bola e toques curtos e objetivos, aliados a constante movimentação e a incansável busca pela bola quando a posse é do adversário. Esses são os elementos base da criação de uma equipe que não corre risco, pois utiliza a melhor arma para aquele que sabe jogar bola, a técnica quando se tem a bola e a dedicação à retomada da bola quando não se tem a dita cuja. Outro fator característico de los rojos, como são chamados os mais recentes campeões mundiais pelos fanáticos espanhóis, e talvez aquele que tenha sido um dos mais decisivos para o título, é o jogar futebol de maneira limpa, dura, guerreira, raçuda, porém leal, na regra do jogo.
Dias antes da decisão da Safari Cup assisti a mais um fenomenal vídeo documental da ESPN, tratava de jogadores que marcaram um gol em uma final de Copa do Mundo. Especial a narrativa do documentário, intercalando os depoimentos das experiências individuais de cada um dos heróis e as imagens históricas que marcaram os momentos especiais dos mundiais. Iniesta entrou para esta prezada e seleta galeria, ao lado de Pelé, Ronaldo, Maradona, Zidane e por aí vai. Um novo integrante respeitável, sou fã incondicional deste pequeno camisa 6 da seleção espanhola e camisa 8 do querido Barça, matriz inspiradora para a seleção mais vitoriosa da história futebolística espanhola e uma brava sobrevivente do futebol técnico, solto e quase intransponível defensivamente, pois caça a bola a todos os momentos e tem zagueiros que unem concentração, força, explosão, inteligência e velocidade. Puyol e Piquet, a melhor dupla de zaga que se apresentou em gramados africanos a frente do melhor goleiro, o fundamental Casillas, que se fosse goleiro dos azul grenás da Cataluña seriam bem mais vencedores tanto o time, quanto o arqueiro.
Aos holandeses, um parágrafo de silêncio pela declarada morte do futebol total ........................................................................................................................................................................
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Ao árbitro inglês, uma pergunta, se pisar no peito do adversário com as travas da chuteira não é pra expulsão, o que um jogador precisa fazer pra ser expulso? Ser mais burro que o juiz?
A FIFA, parabéns pela escolha de Forlan como melhor jogador da African Safari Cup, merecedor por seu talento e espírito de liderança que inspirou seus companheiros uruguaios a chegarem até os últimos 4. Assim como pela escolha de Muller como revelação e de Casillas como melhor goleiro.
Ao Dunga, um até nunca mais seu chato de galocha.
Ao Galvão, pra quê esperar até depois da Copa no Brasil pra se aposentar? CALA A BOCA LOGO GALVÃO!!!
Aos seguidores do de las pelotas um até mais ver, até quando voltaremos às vacas frias do Brasileiro disputado nos certames nacionais e, principalmente nos gramados setelagoanos e as fases finais da Copa do Brasil e Libertadores.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

De las pelotas – do caos, da ordem e do indispensável meio termo


Então, a African Safari Cup acabou para nós canarinhos. Terminou também, porém com requintes de crueldade, para nuestros hermanos argentinos. Simplesmente atropelados pela consistência e objetividade germânica. Os valentes e retranqueiros paraguaios caíram frente a paciente fúria espanhola, que mesmo jogando sem centro-avante, Torres tem sido um jogador a menos, dominou todas as partidas que jogou em campos africanos. Merecia estar na semi-final. Merecia enfrentar a Alemanha e protagonizar esta partida que definitivamente será uma daquelas que se separam como inesquecíveis na história dos mundiais. Ontem, caiu o último dos sul-americanos, que dominaram a Copa até restarem oito sobreviventes, mas terão de assistir a mais uma final européia.

Digo isso, pois essa era a Copa de desempate entre europeus e americanos. 9 a 9. Agora, independentemente de quem seja o Campeão, esse será um europeu. E, honestamente, acho justo. Realmente os três representantes do antigo continente jogaram um futebol não só mais organizado e competitivo, como também jogaram de uma maneira mais solta e corajosa. Parece que estão mais próximos do equilíbrio entre o se defender com firmeza e constância e o ter a bola no pé mais que seu adversário, mirando o gol sempre que surge alguma oportunidade.

Analisando de cabeça fria, Dunga e seus comandados pagaram pela teimosia, por sua inexperiência e a extrema necessidade de dar ordem a um estilo futebolístico que sempre foi especial justamente por sua “desorganização”. Explico, o lance escolhido pela Fifa como o maior da história das Copas ilustra bem como funciona essa desordem inteligente, que tanto tem a ver com o que sintetiza um brasileiro jogando bola. O camisa nove do time, Tostão, que por sinal não era o centro-avante, toma a bola de um italiano na lateral esquerda do campo de defesa brasileiro, toca para Clodoaldo, o volante do time, que pressionado em seu campo na saída de bola dribla três adversários como se estivesse jogando uma pelada em seu sítio e inicia a troca de passes, até a bola cair nos pés de Pelé na entrada da área e dos majestosos pés sair até encontrar a bomba de Carlos Alberto que entrava livre pela direita da área. Ali, em gramados mexicanos, foi dada uma das melhores aulas de como ser Campeão do Mundo jogando bola de maneira corajosa, competitiva e vencedora.

Voltando ao Dunga, considero que seu trabalho de renovação da seleção após o fiasco de 2006 deve ser louvado, sem dúvida os que jogaram pelos canarinhos em gramados africanos jogaram com mais empenho e vontade de vitória e o time evoluiu de maneira consistente no decorrer de três anos de trabalho. O problema começou depois da vitória da Copa das Confederações e a classificação em primeiro nas eliminatórias. A partir do final de 2009, o projeto de ser campeão do mundo começou a ruir. Escassos amistosos contra seleções de representação quase nula. Quase nenhuma aparição pública do técnico, entrevistas, audiência a jogos importantes de competições européias ou nacionais. Enfim, reclusão e blindagem de um grupo que pra ele já estava pronto. Deu no que deu. Fechou os olhos pra temporada pífia de Doni, Julio Batista, Grafite, Felipe Melo, Kleberson, Josué, Luis Fabiano e Kaká. Fechou os olhos também para talentos que poderiam ser muito mais úteis ao longo da disputa, tais como Carlos Eduardo, Lucas, Hernanes, Pato, Paulo Henrique, Uéslei, Elias, Henrique e outros mais. Enfim, se tivesse continuado seu trabalho de evolução do time teria um time bem mais competitivo. Resta assistir a fase final da Copa e tentar reaprender com os europeus como se joga bola.

Pra entender um pouco mais do que tentei dizer vale a visita a dois links que pra mim explicaram bem porque perdemos. Os dois vêm da família Kfouri.

http://blogs.lancenet.com.br/andrekfouri/category/coluna-dominical/

http://blogdojuca.uol.com.br/2010/07/5-de-julho-de-1982-estadio-sarria/