sábado, 6 de junho de 2009
Graveola e o lixo polifônico
Comparações são sempre perigosas. No entanto, vou correr o risco e espero não ser mal interpretado. Como bom mineiro e Belo Horizontino, sou fã do clube da esquina. É inegável a revolução musical que Bituca, Lô, Toninho Horta, entre outros, promoveram na música nacional, marcando a música e os músicos mineiros com um selo pré ou pós clube da esquina. Entretanto, confesso que há algum tempo não tenho tido muita paciência pra o que essa galera e seus herdeiros vêm produzindo, parece faltar alguma coisa, não sei se tez ou tesão. A verdade é que nada de realmente novo tem sido criado por essa nobre parcela dos nossos artistas que acabam, hoje, sobrevivendo dos sucessos do passado.
Outro dia escutei o som do 'Graveola e o lixo polifônico', banda aqui de Belo Horizonte mesmo, e sabe que eu vi neles a possibilidade de preencher esse espaço na música mineira?
O disco é fantástico, principalmente no início. As composições mesclam a complexidade na concepção dos arranjos com a simplicidade do resultado. Apesar de toda brincadeira experimental com o ritmo e a harmonia, o som sai leve e delicioso. Letras extremamente sonoras cantadas pelos vocais com timbres marcantes e aveludados, além da multiplicidade de instrumentos e barulhos muito bem tocados. Um ótimo disco de MPB. Original, novo, criativo e vibrante.
A banda é declaradamente adepta da estética do plágio, conceito cunhado pelo Tom Zé, que prega, mais ou menos, que o novo só pode surgir de uma colagem de nossas influências e nunca será totalmente inédito em todas as suas partes. O fato é que em diversos momentos, como em 'Dois lados da canção', os versos e a melodia esbarram em alguns clássicos da MPB.
Fica uma crítica, pra não parecer matéria comprada, não gostei muito das músicas do final do disco, são legais também, mas estão fora de sintonia com o lirismo e a genialidade do início. Pode-se dizer que a partir da nona música: 'O quarto 417' temos outro disco. Talvez fosse o caso de deixá-las para um outro trabalho, outro album, quem sabe?
Vai aqui o myspace da banda e um link fornecido por eles pra baixar o disco:
MYSPACE
http://www.myspace.com/graveolaeolixopolifonico
PARA BAIXAR DISCO (é só clicar no quadradinho amarelo à esquerda no site)
http://www.graveola.com.br/site/
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4 comentários:
É bom ler resenhas do disco que fogem do release produzido pela própria banda.
Sobre as músicas, tenho uma impressão diferente da sua, pois prefiro a segunda parte do disco.
Benzinho, Insensatez, O quarto 417 e Chico Buarque de Holanda são faixas mais divertidas, e isso é uma das fortes características que a banda tem desde que surgiu.
E Cidade fecha o disco com uma pegada mais jazzística e uma jam maravilhosa de sax, violão e bateria.
Abraços!
Gabriel,
Legal demais você aparecer por aqui! Muito bom escrever a resenha de um disco e receber o feedback do próprio artista. Concordo plenamente com você. Quando visitei o myspace, a impressão que tive é que escutaria um disco como a segunda parte, mas a primeira parte me surpreendeu tão positivamente. Fiquei impressionado com o som. Concordo que 'Cidade' também está na mesma sintonia e é uma excelente faixa para fechar o disco. Repito mais uma vez: as músicas da segunda parte são legais. Gostei delas também. Fiquei apenas com a impressão de que vocês criaram muito material legal, digo mais uma vez, e não resistiram ao ímpeto de gravar tudo de uma vez o que tornou o album uma obra menos concisa. Talvez isso se encaixe também na ideia de colagem proposta. Não sei. Já falei demais rss. Mais uma vez parabéns pelo som! Quinta-feira devo estar lá.
um abraço
obrigado pela participação
Oi, Cristiano!
Eu não sou da banda... hehehe
Abraços!
hehehe, Gabriel, Foi mal pela confusão achei que fosse o Gabriel da banda. De qualquer forma sua participação é tão bem vinda quanto a dele e os argumentos servem pra você também. Fui ao show do Graveola nesta última quinta e fiquei uma impressão mais parecida com a sua agora.
um abraço
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