O Internacional é um bom exemplo de como a formação de um time, independente dos recursos financeiros disponíveis, é uma tarefa complexa e que exige da coordenação e diretoria técnica-administrativa do clube inteligência, precisão na avaliação de dados e resultados, competência para interferir no projeto sempre que necessário e, talvez o mais importante, paciência.
Esse grupo colorado, que ainda não ganhou nada, mas vem mostrando o melhor futebol em territórios nacionais, desde o término da Copa do Mundo, começou a ser formado há pelo menos duas temporadas. Os jogadores promissores formados no clube tiveram tempo para ganhar confiança e o respeito do grupo, as contratações, mesmo que não tenham dado resultados imediatos, foram mantidos no elenco para se tornarem fundamentais com o passar do tempo. E contratações cirúrgicas foram feitas pra aprimorar o elenco e torná-lo candidato a títulos. Vale de lição para todos os times que terão que passar por um processo de renovação durante a competição nacional.
A incompetência em formar o time em seis meses de temporada e mais de um mês de paralisação, não pode ser compensada com a contratação de jogadores a granel e a simples destruição do que foi feito até o momento. Cito um exemplo em contra-posição ao Inter, o glorioso Clube Atlético Mineiro e seu manda-chuva, pofexô Luxemburgo. O Todo Poderoso mais uma vez recebeu de um grande time brasileiro, mesmo que decadente, a carta branca pra fazer o que bem desejar. Contratar quem bem entender, mandar embora quem ele quiser. Até o momento, seu grande time está com as pernas atoladas na zona de rebaixamento, na penúltima posição do campeonato. Mas tudo bem, pra ele o trabalho vem sendo feito e não existe nem sombra de preocupação. O time ainda tem chances de ser campeão. Os principais reforços ainda estão fora de forma e quando esse time ficar pronto sai de baixo, vai destruir todos seus adversários e enfim fazer uma das mais sofridas torcidas do mundo feliz novamente, novamente? Os amigos atleticanos podem até acreditar nesse papinho furado, mas eu duvido viu. A história foi bem parecida nos dois últimos clubes que o técnico passou. Promessas de glórias esquecidas, formação de um time incrível, contratação de jogadores "promissores" e apostas em retornados da Europa, ainda ganhando salários europeus. O que ficou no final, nos dois casos, foi um elenco cheio de jogadores mais ou menos, dividas exorbitantes e a necessidade de renovação rondando o clube novamente. O Santos se salvou pelo surgimento de jovens valores, melhores que a grande maioria dos jogadores que atuam em gramados nacionais e aposta nos meninos a possibilidade de salvação técnica e financeira. Já o Palmeiras, ainda não conseguiu se recuperar. O tempo dirá o que vai acontecer na Cidade do Galo.
Não poderia falar em reconstrução de elenco e não analisar a situação dos celestes, agora comandados por Cuca. Nada mudou ainda, ou o que mudou ainda não deu resultado. O time se encontra ainda na parte de cima da tabela pelo bom desempenho que teve na fase pré-Copa, ainda com o técnico que montou este grupo e disputando paralelamente a Libertadores. O atual treinador ainda está tentando conhecer o grupo de jogadores que tem a sua disposição, conseguiu alguns resultados importantes, mesmo com muitos problemas de lesões. Amanhã, tem uma prova de fogo no clássico mineiro, jogo que definirá o sentimento dos exigentes e chatos torcedores celestes em relação a seu trabalho.
Será definitivamente o clássico mais equilibrado dos últimos tempos, a necessidade de vitória dos campeões do gelo e o ambiente exclusivamente atleticano serão fatores de pressão para o elenco estrelado. Uma vitória na partida de hoje provará que os cruzeirenses podem esperar algo de diferente do treinador e que o grupo de jogadores é capaz de enfrentar a maratona do brasileiro e conquistar ao menos uma vaga para a Libertadores do ano que vem, que seria a quarta seguida. Um empate será ruim para as duas equipes, que verão seus objetivos para a temporada se distanciarem ainda mais e uma vitória preta e branca significará um novo folego para os atleticanos tentarem participar de disputas proporcionais ao tamanho do investimento feito até agora. A ver.