O ano futebolístico vagarosamente se inicia e retorno a este esporádico espaço virtual para discorrer um pouco sobre inutilidades ludopédicas que nunca deixarão de ser motivo de analises, discussões e resenhas.
As equipes iniciam a temporada tentando suprir as necessidades de elenco que ficaram claras com os resultados finais do ano anterior. Esse processo é sempre difícil e conturbado, pois esbarram nas condições de mercado, nas dificuldades financeiras, nas necessidades identificadas pela equipe técnica, nas insatisfações dos jogadores que já fazem parte do elenco e pelas exigências dos torcedores de ver o seu time em destaque nos noticiários esportivos, por contratar nomes conhecidos e desejados por outros times. As equipes que conseguirem focar nas necessidades técnicas objetivas serão aquelas que terão mais sucesso.
É extremamente complicado e precipitado fazer julgamentos a respeito do quanto determinada equipe se reforçou ou enfraqueceu, antes do início das competições realmente relevantes.
Hoje a noite, começa para os times brasileiros a Libertadores da América. Grêmio e Corinthians têm confrontos eliminatórios pela fase preliminar, contra o Liverpool do Uruguai e Tolima da Colômbia, respectivamente.
A equipe gaúcha terminou 2010 jogando muito, com a melhor campanha do segundo turno do Brasileiro e conseguindo reverter uma situação de luta contra o rebaixamento, no primeiro semestre, até conquistar a improvável vaga no torneio continental. Porém, não fez jus à comemoração por este feito e começa o ano enfraquecida, perdeu jogadores importantes do elenco, caso do lateral Fabio Santos que se transferiu para o Corinthians, do meia Souza que foi para o campeão brasileiro Fluminense e acaba de perder seu artilheiro Jonas para o Valência da Espanha. Não terá dificuldades para chegar a fase de grupos da Libertadores, mas também não terá força suficiente para protagonizar duelos por glórias e títulos, azar de sua apaixonada torcida, que foi iludida pela possibilidade de volta do malabarista Ronaldinho, mera cortina de fumaça para o gradual desmanche da forte e competitiva equipe que o verdadeiro ídolo Renato Gaúcho estava conseguindo montar.
O Corinthians começa o ano como terminou o anterior. Um time formado por jogadores esforçados e batalhadores e dois ex jogadores em atividade vivendo de conquistas cada vez mais antigas. Qualquer equipe que tenha dois campeões mundiais como Roberto Carlos e Ronaldo, provavelmente os melhores de suas respectivas posições que já vi jogar, tem que ser respeitada, porém um ano a mais e, no caso de Ronaldo alguns quilos a mais, nada ajudarão no esforço dessa equipe movida por um bando de loucos torcedores para a conquista da tão sonhada glória continental. A questão não é só física, é também motivacional. Como convencer um cara como Roberto Carlos, que já foi campeão de tudo que disputou, a correr atrás do atacante do Bragantino, ou do Tolima? Como fazer o Ronaldo entender que se ele não se esforçar diariamente nos treinamentos, não conseguirá passar da marcação de volantes e zagueiros com vinte anos e trinta quilos a menos do que ele? Técnica, talento e inteligência não são suficientes. O timão continuará dependo muito mais do Dentinho, Jucilei, Bruno Cézar e outros jogadores novos, que conquistaram muito pouco e que ganham salários infinitamente menores do que os queridinhos do departamento de marketing e odiados pelo departamento físico do clube paulista. O melhor deles, que era o Elias, atual jogador da seleção e o melhor do elenco corintiano, se tocou e arrumou suas malas para jogar em Madri. Prevejo chuvas e trovoadas para o confronto de mais tarde contra os colombianos.
Os outros três times brasileiros que já estão classificados para a fase de grupos são Santos, Fluminense e Cruzeiro, os três melhores times brasileiros do último ano. Destes, o que chama mais atenção é o novo projeto da equipe santista, liderado pelo promissor e perseguido Adilson Batista. Além de ter conseguido manter suas duas jovens promessas, Ganso e Neymar, manteve a base formada por Dorival Junior e também se reforçou com jogadores talentosos e experientes. O Elano é um campeão brasileiro pelo peixe que está de volta e terá papel fundamental na equipe. O jovem lateral Jonathan, apesar da preguiçosa temporada que teve no último ano, é um jogador diferenciado para os padrões nacionais e que pode somar muito a equipe. O meio-campista Charles é um jogador mediano, mas que taticamente pode ser muito importante. Com certeza dará muito trabalho. Não sei se será campeão, mas com certeza onde jogar será certeza de futebol bem jogado.
O Fluminense liderado pelo trabalhador Muricy Ramalho, também trabalhou bem neste início de temporada e fez contratações pontuais para resolver os problemas do elenco. O zagueiro-volate Edinho possibilitará um poder de marcação e uma dinâmica tática que não era possível com nenhum dos volantes que lá estavam. O meio-campo Souza é um cara pra disputar posição com Deco. O Araújo é um atacante que pode substituir o Emerson quando necessário. E Diego Cavalieri chega pra ser o camisa 1 que os tricolores tanto sonham há décadas. Resta saber se o dono da camisa 9, o artilheiro Fred conseguirá jogar a temporada inteira, sem sofrer mais uma vez com problemas físicos, que tanto o atrapalharam ao longo de sua carreira.
Deixei para o final o que mais interessa, pelo menos pra mim. O Cruzeiro manteve a base da equipe que conseguiu por mais um ano atingir o objetivo de estar entre as melhores equipes brasileiras, mas sei que isso não basta para suprir a carência de títulos expressivos de sua torcida, da qual sofre desde a tríplice coroa de 2003. Investiu em jogadores jovens e economicamente viáveis, mas de qualidade técnica no mínimo discutível. A maioria das contratações foram para tentar resolver o setor que se mostrou o mais frágil na temporada passada, o ataque. Trouxe alternativas para o esforçado Thiago Ribeiro e para o inconstante Wellington Paulista, mas jogadores de pouca expressão e que geraram mais dúvidas do que certezas na cabeça dos torcedores. A lateral direita será o maior problema da equipe, não vejo o Romulo como o jogador capaz de tomar conta da posição. Torço pra que esteja errado. No entanto, é sem dúvida uma equipe que tem uma identidade, uma filosofia de jogo enraizada em um grupo de jogadores que conhece suas limitações, mas que também são cientes de que juntos podem vencer seus desafios.
Um comentário:
Com relação ao Cruzeiro,torço e ponho fé que os pratas da casa como Dudu, Bernardo,Thiaguinho,Eliandro, Uchoa,Lucas Silva, Elber, Sebá e, anotem o nome desse atacante do sub 17: Leo, tenham oportunidade no time principal e possam se destacar, porque acho que esse deva ser o caminho.
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