domingo, 22 de junho de 2008

TOM ZÉ - O ESTADO DA ARTE



Se é possível a definição de "arte", ela necessariamente passa por artistas como Tom Zé. Este baiano de Irará, nascido Antônio José Santana Martins em 11 de Outubro de 1936, em uma família que ficou abastada por conta de um bilhete de loteria premiado, desenvolveu uma forma muito peculiar e original de perceber o mundo e simbolizá-lo em suas obras. Ouvir Tom Zé, mesmo que seja em uma entrevista, me emociona, porque consegue me transportar a uma outra perspectiva da vida.




Tom Zé, que estudou música na Universidade Federal da Bahia, com alguns expoentes da música de vanguarda, foi um dos mais ativos participantes do movimento Tropicália, ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil e chegou a ganhar, em 1968, o IV Festival de Música Popular Brasileira da TV Record com a canção "São, São Paulo, Meu Amor". Nos anos 70 e 80 produziu trabalhos experimentais, que foram o afastando do grande público, até quase cair no ostracismo, já estava se decidindo a largar a música e voltar para Irará, para trabalhar em um posto de gasolina de seu irmão, quando o destino, mais uma vez, o presenteou. No final dos anos 80, David Byrne, ex líder dos Talking Heads, de passagem pelo Brasil, estava interessado em conhecer a música brasileira, especialmente o samba, foi a um sebo e deu de cara com o disco "Estudando o Samba" de Tom Zé, se encantou, procurou Tom Zé, relançou sua obra nos Estados Unidos, através de seu selo Luaka Bop, e produziu alguns trabalhos do artista, que se tornou um sucesso de crítica, "Com Defeito De Fabricação", de 1998, foi considerado um dos dez melhores discos do ano pelo New York Times.


Em 2006, inspirado pelo resultado de uma pesquisa de 2005 da MTV Brasil, com jovens brasileiros, que mostrava uma tendência coletiva ao hedonismo, consumismo e irresponsabilidade social e indicava que os jovens, de uma maneira geral, não se interessavam muito pelo aspecto lírico de álbuns de música, Tom Zé resolveu endossar a opinião de Chico Buarque, que havia decretado a morte da canção, e lançou um álbum sem letras, só com onomatopéias e sílabas sonoras, intitulado "Danç-Êh-Sá - Dança Dos Herdeiros do Sacrifício", ingressando no que ele chamou de universo da Pós-Canção, o álbum também recebeu o sub-título de "7 Cayminianas Para O Fim Da Canção".

Agora, inaugurando mais uma iniciativa da gravadora Trama, o Álbum Virtual , que irá disponibilzar lançamentos da gravadora para download gratuito, com um patrocinador remunerando o artista por cada download, por um período determinado, Tom Zé lança o álbum "Danç-Êh-Sá - Ao Vivo", gravado nos estúdios da Trama, em parceria com o Canal Brasil. Mesmo para quem conhece o disco anterior, as versões são bem diferentes e ainda inclui "Xique Xique", parceria com José Miguel Wisnik, para o espetáculo "Parabelo" do Grupo Corpo.


Então não percam tempo, corram ao http://www.albumvirtual.trama.com.br/ e tirem os pés do chão, por alguns momentos.

Vejam reportagem do programa "Metrópolis" da TV Cultura.

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