segunda-feira, 11 de maio de 2009

Moinho de pensamentos livres intangíveis - Sobre aquele que tudo podia - Parte 02


Após semanas embriagantes, aquele que tudo podia chega em sua nova casa que parecia com tudo que sempre desejou de uma moradia.

Uma porta deslumbrante se apresenta em sua frente, deslumbrado leva a mão à maçaneta, porém, antes mesmo de alcançá-la, a porta se abre e de trás dela aparece uma linda mulher que o recepciona com o mais simpático e delicioso sorriso.

Após se satisfazer de todas as formas possíveis e imagináveis, resolveu se encostar em seu perfeito sofá e repousar. No primeiro encostar de pálpebras, caiu em sono profundo, entretanto não sonhou, apenas um sono escuro que se prolongou até o primeiro desejo de despertar.

Acordou e ainda sonolento lhe veio à mente a imagem daquele velho homem enrugado, do qual tinha herdado seu novo e precioso dom. Desejou entender porque alguém que tudo podia estaria tão velho e enrugado, porque não desejou ficar mais jovem, mais bonito. Demorou um pouco mais de instantes, mas seu desejo se realizou.

Caiu em depressão profunda pelo peso do saber.

Saber que todos os desejos que se realizam alteram de alguma forma o sujeito que os desejou, até o momento em que o mesmo não distingue mais aquilo que o identificava.

Saber que quanto mais desejos realizados acumular, mais sua personalidade se fragmentará, até o momento em que nada mais vai desejar e, consequentemente nada mais o satisfará.

Saber que o tudo poder é um fardo que nem mesmo o mais sábio e habilidoso mortal pode lidar.


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