terça-feira, 19 de maio de 2009
THE WHITE STRIPES - ROCK'N ROLL EM LISTRAS BRANCAS, VERMELHAS E PRETAS
E o Rock'n Roll? Morreu ou não morreu?
Para alguns, mais exigentes, aquela música que embalou a rebeldia, que teve o seu auge no final dos anos 60, e que mudou para sempre o mundo, mesmo que o sonho não tenha se realizado por completo, não existe mais. Para outros, mais desatentos, qualquer guitarra distorcida e rápida pode ser traduzida como Rock'n Roll.
Na minha opinião, nenhum dos dois está totalmente certo ou errado. Quando alguns garotos brancos se apaixonaram pelo som negro, tocado nos guetos, e que falava de temas proibidos nas tradicionais famílias puritanas, como sexo e drogas, uma revolução se iniciava. Hoje em dia não temos noção do conflito de gerações que aquela música sensual e libidinosa gerou. Em nossos dias podemos encontrar pais se vestindo e tendo atitudes mais irreverentes do que os próprios filhos, mas, se olhamos entrevistas e vídeos da época, é possível observar o abismo que separou aquelas gerações.
Mas, como o mercado transforma tudo em produto de consumo, logo a rebeldia passou a ser um produto a venda nas melhores lojas do ramo e, hoje em dia, é muito difícil separar o joio do trigo.
Porém, de tempos em tempos, a angústia da juventude consegue ser traduzida por algum grupo de jovens inconformados.
Em tempos de globalização que, antagonicamente, cria tribos cada vez mais diversas, está cada vez mais difícil encontrar traduções mais unanimes desta angústia e o mercado está cada vez mais voraz. Outro dia, só para ilustrar, vi uma capa de revista de moda, que estampava a manchete: "Grunge Com Glamour", fiquei boquiaberto e sem palavras com tamanha incoerência.
A música também mudou muito, as diversas influências e contribuições de tantas culturas fez com que o Blues e o Country, principais ingredientes do Rock'n Roll do início dos tempos, ficassem tão diluídos que, em alguns momentos, quase não é possível reconhecê-los.
Vou render uma homenagem hoje a uma dupla que alimenta o aparelho de respiração artificial do Rock'n Roll.
A primeira vez que tive contato com o White Stripes, de Jack White e Meg White, foi através do vídeo de "Jolene", não gostei de primeira, achei o guitarrista meio afetado demais e o som e atitude me soaram meio "modernosos". Depois, quando eles vieram ao Brasil e tocaram em Manaus, achei interessante a entrevista dos dois (na verdade só o Jack White falava), percebi uma ironia, que sempre me atraiu no Blues e no Rock, e que, há muito tempo não encontrava. O jeito excêntrico dos dois também me atraiu. Era um excentrismo que, ao invés de afastar, como o praticado em nos dias atuais, atraía e fazia um chamado a um olhar diferente para o mundo, como uma brincadeira de criança. Logo em seguida, ao entrar na Internet, ví o chamado para a audição do, então recém lançado, "Icky Thump" da dupla, fui conferir o trabalho e, atraído pelo título da música, ouvi "Catch Hell Blues", tomei um soco na cara e, atordoado, ouvi todo o restante. Fiquei impressionado com a sonoridade, que me lembrou muito trabalhos dos anos 70, como Led Zeppelin. A guitarra de Jack White, um virtuose no bom sentido, logo me seduziu, e saí em busca de mais informações. Descobri um garoto de Detroit que se apaixonou pelo Blues e pelo Rock'n Roll e logo se tornou um virtuose, com sua maneira de tocar e sua presença de palco. Jack encontrou em Meg um suporte perfeito para sua maneira de tocar e se apresentar. Eles chegaram a se casar, mas, aparentemente, só o casamento musical é que perdurou, com algumas interrupções, Jack, por exemplo, tem um trabalho paralelo com o grupo "Raconteurs".
As histórias são muitas e talvez mereçam um novo Post, por enquanto, para quem ficou curioso, recomendo uma passagem no site da dupla (http://www.whitestripes.com/) que é muito criativo e cheio de simbologias. No site é possível assistir a todos os vídeos oficiais, extremamente criativos, da dupla. Para finalizar, por hoje, fiquem com uma amostra de "Catch Hell Blues" ao vivo (apesar da legenda informar "300 M.P.H. Torrential Outpour Blues", outra música).
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