segunda-feira, 20 de abril de 2009

Moinho de pensamentos livres intangíveis - Sobre aquele que tudo podia - Parte 01





Aquele que nada podia e pouco tinha, acordou um dia de um sono profundo.

Lembranças fugazes de um denso sonho embaçavam sua percepção.

Uma imagem recorrente se destacava e o atormentava.

Um velho homem, de rosto enrugado, bastante enrugado,

e olhos de um azul altamente embriagante, hipnotizante.

Parou, refletiu, lavou o rosto a procura de uma organização de seus pensamentos,

mas nada esclarecedor veio à tona. Apenas aquele olhar sombrio que parecia tudo poder.

Entretanto, estranhou que a água sempre gelada que saía da torneira,

a mesma que espetava sua face nas frias manhãs, começou sutilmente a se aquecer,

até chegar na temperatura que nem mesmo ele sabia que considerava a ideal.

Estranho para uma casa que não tinha aquecimento.

Estranho para uma pessoa que nunca havia visto um desejo realizado.

Pensou como seria bom se todos seus desejos fossem realizados.

Se ao pensar em bolo de chocolate um pedaço aparecesse em sua frente.

Ainda com os olhos fechados, enxugando seu rosto,

sentiu aquele cheiro inconfundível. Já salivando, abriu os olhos

e encarou atordoado a suculenta fatia de bolo em sua frente.

Nesse mesmo momento, lhe veio um flash de memória.

Uma frase, dita em voz rouca e enrugada.

Desejo que alguém que nada possa e pouco tenha

acorde e receba o dom, que um dia me foi entregue,

que tenha tudo o que desejar.

4 comentários:

Cristiano Abdanur disse...

Será possível esperar a continuação?

Flor que Fala disse...

Ia fazer a mesma pergunta....
E o resto?????

Fá Abdanur disse...

respirem fundo e segurem os ânimos.
a idéia é ser semanal, toda segunda pela manhã, e o gostinho de quero mais é essencial.

paciência é fundamental tmb, pois o moinho gira devagar...

Emiliano disse...

gostei mais da primeira... mas que isso não desincentive a continuidade... semanalmente no fim do ano vira um livro... mas não gostei porque esses dias eu vi uma colega minha da graduação do alemão aqui que traduziu uma poesia de um alemão para o formato de cordel, superlegal, em que havia três magos que realizaríam qualquer desejo das crianças de uma cidade lá... O desejo das crianças foi que todos os desejos delas se realizassem imediatamente após pensar na coisa desejada e depois de uma semana as crianças pararam de desejar, exatamente porque quando se consegue, como num passe de mágica, tudo aquilo que se deseja, a consequência é o fim do desejo... pára-se de desejar... perde a graça. Essa história tem a moral do gosto das realizações jazer no esforço que se faz para atingir algo... para crianças é uma mensagem legal, eu acho... e para adultos também, não?