domingo, 5 de abril de 2009

Redução de Danos

Estive outro dia em uma palestra promovida pelo Conselho Regional de Psicologia sobre a redução de danos como estratégia para abordagem no tratamento de usuários e dependentes de drogas. Bom, pra quem não sabe, redução de danos é uma estratégia que não exige necessariamente o controle do consumo da droga para o tratamento. O exemplo célebre e polêmico do seu surgimento foi a distribuição de seringas para usuários de drogas injetáveis como forma de evitar a disseminação do vírus da AIDS pelo compartilhamento das mesmas.Um dos palestrantes do evento foi o presidente da Associação Brasileira de Redutores e Redutoras de Danos, Domiciano Siqueira.


Domiciano Siqueira



Foi dele o discurso mais sóbrio do evento. Chamou minha atenção uma de suas primeiras afirmações: "Está na hora de discutir o prazer que as drogas causam". Na distribuição de seringas estava em jogo a prevenção de uma doença incurável e, mesmo polêmico moralmente e recebendo grandes críticas e protestos da sociedade civil, por isso foi aceito como uma prática pública. Agora, outras práticas, como por exemplo a orientação aos usuários, para que utilizem a droga de maneira menos danosa são execradas pela opinião pública e impedem investimentos do poder público em uma prática prevista no estatuto do SUS. Vide o exemplo da parada gay de São Paulo que impediu a distribuição de panfletos com orientações para usuários de cocaína porque a polícia considerou isso apologia às drogas. A verdade é que as drogas sempre ocuparam um papel importante no funcionamento da sociedade e através dos tempos foram assimiladas pelo discurso cultural de formas muito diferentes. Eu, enquanto psicanalista, acho louvável iniciativas como essa pelo simples fato de tratar o consumo de drogas como algo humano e não como um comportamento marginal e anormal, uma patologia, para utilizar o discurso médico como legitimação de uma segregação da sociedade. Vai aqui o link para o site da ABORDA que traz várias orientações para usuários e todos aqueles que tem qualquer relação com o consumo ou com os consumidores de drogas, inclusive as legais como álcool e tabaco, sugiro a sessão cuidados de si. Além disso, vai o Bob Marley, em um dos seus discos que eu mais gosto e que tem uma das guitarras mais bonitas da música pop (Concrete Jungle), para ilustrar um pouco o que estou dizendo aqui.

site da ABORDA
http://www.abordabrasil.org/



Bob Marley - Catch a Fire
(Não me responsabilizo pelo conteúdo dos links ou pela escolha do pirata ou do oficial, isso fica a seu critério, sugiro apenas a degustação da obra de arte abaixo, para embasar sua decisão sugiro os primeiros posts sobre pirataria aqui mesmo no las mamas estupendas)


Pra baixar (fonte: http://pencadediscos.blogspot.com)

Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 1 (jamaicano)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 2 (jamaicano)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 1 (inglês)
Bob Marley & The Wailers - Catch a Fire (1973) 2 (inglês)


Pra comprar (sugestão, fica a seu critério escolher a loja)

http://compare.buscape.com.br/procura?id=2921&raiz=2921&kw=Bob+Marley+-+Catch+A+Fire+(1973)

5 comentários:

Cristiano Abdanur disse...

Here you are!!!

Afonso disse...

Você brilhou! Já passou da hora de deixarmos a hipocrisia de lado e discutirmos esta questão de frente. Embora ache que não há em nossa sociedade abertura para este tipo de debate. Talvez seja a maneira de se colocar as coisas... Sabe uma coisa que sempre me intrigou: Durante muito tempo o Planet Hemp recusou ir ao programa do Faustão porque colocaram como restrição não cantar músicas que faziam alusão a maconha (será que eles tinham alguma?). No entanto, o Gabriel Pensador ia lá todo domingo cantar: Apaga a fumaça do revolver da pistola, manda a fumaça do cachimbo pra cachola, acende, puxa, prende e passa... Vai entender! Como um poeta disse uma vez: a razão tem razões que a própria razão desconhece.

Júlio Costa disse...

É isso aí!
Sempre pensei isto, a abordagem das drogas, em geral, é equivocada. Tratam o usuário de drogas, principalmente as ilícitas, como um idiota, que se utiliza de algo, que não traz nenhum benefício, para se autodestruir. Esconde-se, ou ignora-se, que as drogas trazem muito prazer e de uma forma muito rápida, qualquer menção a isto é tratada como apologia. O tiro então sai pela culatra, as pessoas experimentam, se facinam e, como não foram avisadas de que este prazer tem um preço, tão alto e rápido quanto o prazer, além de trazer o perigo de uma dependência, que não é só psicológica, mas química também, acabam algumas vezes embarcando em uma viagem errada. Informação e tratar o assunto e as pessoas com maturidade, para que escolhas mais acertadas possam ser feitas, é o mínimo que o assunto merece.

Emiliano disse...

Hummmm "vc brilhou"??? rsrsrsrsrs será que é brilho de purpurina??? acho que a ticinha vai ficar com ciúmes... ou será que o Afonso tinha tomado um doce e viu o brilho da tela do computador (com-puta-(h)á-dor, computa-a-dor)???
De qualquer forma fica a pergunta pro Afonso (Prof. Girafalis, né?): você gosta de pêssego? hahahahaaha

Afonso disse...

Puxa Mimi, perdeu a perspicácia para ironia? Tá virando paulista meu? Esse mestrado-doutorado tá te puxando pra frente ou pra tráz? Horra meu!!!

Ps. Seja bem-vindo!