terça-feira, 7 de abril de 2009

Quem vai tocar no baile da melhor idade? (ou o chiclete que você mastiga)


QUEM VAI TOCAR NO BAILE DA TERCEIRA IDADE? (OU O CHICLETE QUE VOCÊ MASTIGA)
(Nando)

Vou expor em poucas palavras como se passa minha vida
Daqui para o desde sempre:
Fumo, mas não trago.
Poderia ser danoso demais.
Bebo, mas não me embriago.
Cada gole é precisamente controlado.
Amor? Ah! O amor... Tolero-o apenas pausadamente.
Antes que se configurem grandes intervalos de tempo.
Assim não perco as possibilidades que um novo arranjo contingencial pode trazer.
Ensaio? Ensaio para o show que nunca chega.
Cada momento configura-se um eterno backstage.
Fantasio o clamor da platéia, a passagem pelo nervosismo inicial e o apogeu suado em luzes de neon.
Pequenas redenções imaginárias. Disso é feito o meu prazer.
Disso e de chiclete.

Logo, logo, meu arrombo adolescente transforma-se em projeto consistente e depois em crise de meia idade, por fim, torna-se saudosismo idoso, seco e enrugado.

Assim se passa minha vida.
Daqui para o desde sempre.

5 comentários:

Afonso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Afonso disse...

Calma rapaz!

Para os shows...

Não há de se esperar demasiado
Se faz necessário estar bem ensaiado
De preferência com repertório mais extenso e afiado
Para que a flor floresça melhor não cultiva-la com ânsia ou cercá-la de cuidados.
Controlar a frustração é entender que a chuva escorre gota-a-gota e a estrada segue passo-a-passo.

Cristiano Abdanur disse...

Alguém já me disse isso antes...acho que foi minha mãe.
Enquanto isso escreve-se e dopa-se de outros apaziguamentos.

Afonso disse...

Mães, guardiâs zelosas do princípio de realidade...

Júlio Costa disse...

Amigos,
O chicletes que vocês mastigam não é igual ao meu...
Qual é a graça de saber o fim da estrada, quando se parte rumo ao nada...
É preciso saborear o backstage e, se isso se transformar em holofotes, mesmo que de uma platéia de poucas testemunhas, acendamos mais um cigarro, brindemos com mais uma cerveja, fazei isto em memória destes momentos memoráveis...
Depois recolher, meditar, se isolar e esperar a sede voltar...
Nada tem um sentido, uma finalidade, então escolho a vida, no seu eterno ensaio, faço esboços de um quadro que nunca pintarei, assim vou me equilibrando nesta insustentável leveza...